O presidente russo, Vladimir Putin, reclamou nesta sexta-feira (28) com seu colega francês, Emmanuel Macron, que o Ocidente rejeitou suas exigências para acalmar as tensões entre Moscou e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre a Ucrânia.
"As respostas dos Estados Unidos e da OTAN não levaram em conta as preocupações fundamentais da Rússia", disse o Kremlin em comunicado, no qual relatou a conversa entre os dois líderes.
"A questão-chave foi ignorada, ou seja, como os Estados Unidos e seus aliados pretendem [...] implementar o princípio de que ninguém deve reforçar sua segurança em detrimento de outros países", acrescentou a Presidência russa.
Segundo o Kremlin, a Rússia "determinará sua reação futura" depois de estudar, detidamente, as respostas de seus rivais.
De qualquer modo, Putin enfatizou que a Rússia quer continuar trabalhando na resolução do conflito e insistiu no formato existente de negociações a quatro partes, com Rússia, Ucrânia, Alemanha e França.
Uma reunião de conselheiros dos líderes destes quatro países aconteceu em 26 de janeiro em Paris, a primeira em vários meses, e outra foi convocada para fevereiro.
O Eliseu ainda não emitiu uma declaração sobre o telefonema, mas, como declarou hoje o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, à rádio RTL, "a bola está agora com Putin".
"Cabe a Vladimir Putin dizer se quer um confronto, ou uma reunião. Estamos prontos para uma reunião. Mas precisa dos dois lados para isso", acrescentou.
Nesta semana, Macron havia dito que planejava conversar com Putin, com a ideia de "convidar [a Rússia] ao diálogo" para esclarecer as intenções de Moscou em relação à Ucrânia.
Nos últimos dias, o presidente francês afirmou que a Rússia está se comportando como uma "potência de desequilíbrio" na região, mas deixou claro que é a favor do diálogo com Moscou para reduzir as tensões.
Seu tom relativamente conciliador contrastou com a retórica mais estridente de outros aliados da França na OTAN, como Reino Unido e Estados Unidos.
A concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia despertou temores entre os ocidentais de que o Kremlin pretende intervir na ex-república soviética para limitar a presença de soldados da OTAN na Europa Oriental.
* AFP