O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, assumiu "completamente" nesta sexta-feira (7) suas declarações polêmicas desta semana sobre as pessoas não vacinadas contra a covid-19, as quais voltou a chamar de "irresponsáveis" a três meses das eleições presidenciais.
"Alguns podem ficar impressionados por uma maneira de falar que parece coloquial e que assumo completamente", disse Macron em entrevista coletiva junto à chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a presidência francesa da União Europeia (UE).
"O que me impressiona é a situação [sanitária] em que estamos. A verdadeira fratura do país é esta: quando alguns fazem de sua liberdade, que se transforma em uma irresponsabilidade, um slogan", acrescentou o presidente.
Macron afirmou em entrevista publicada na terça-feira pelo jornal Le Parisien que deseja "irritar até o fim" as pessoas não vacinadas, em declarações inesperadas que provocaram críticas de toda oposição, da esquerda radical à extrema-direita.
O presidente liberal, que ainda não confirmou sua candidatura à reeleição, usou em francês o verbo "emmerder", uma gíria coloquial incomum para um chefe de Estado e que pode ser traduzida como "foder", "incomodar", "irritar", ou "complicar a vida".
Para os observadores, com esta polêmica, Macron tentou chamar a atenção dos defensores da vacinação e impor o tema da pandemia de covid-19, em uma pré-campanha eleitoral protagonizada pelos temas da direita: migração e insegurança.
Os não vacinados "não apenas colocam em perigo a vida dos outros, como também limitam a liberdade dos demais, e isso não posso aceitar", destacou Macron nesta sexta-feira, reiterando que sua estratégia para sair da crise sanitária passa por "vacinar, vacinar, vacinar".
A candidata presidencial de extrema direita, Marine Le Pen, acusou Emmanuel Macron de ser "incendiário" nesta sexta-feira, com comentários de "grande violência".
O outro candidato da extrema direita, Eric Zemmour, chamou a situação de "ridícula, infantil e cínica". Segundo ele, Macron "quer roubar as eleições dos franceses" falando apenas da pandemia.
* AFP