O balanço provisório de vítimas da explosão de um caminhão-tanque na terça-feira no Haiti subiu para 75 mortos, depois do falecimento de nove pessoas que estavam gravemente feridas, confirmou nesta quarta-feira (15) à AFP a Proteção Civil haitiana.
"Nosso último boletim da situação dá conta de 75 mortos, 47 queimados graves e 12 queimados leves", que estão hospitalizados, informou Jerry Chandler, diretor da Proteção Civil haitiana, à AFP, assegurando que as autoridades fazem um esforço para reforçar as estruturas de saúde locals.
"Nosso hospital de campanha está com sua instalação quase pronta e prevemos de 7 a 10 dias de operações", explicou.
A estrutura temporária, instalada no ginásio de Cabo Haitiano, cidade onde ocorreu a tragédia, funcionará com o apoio material da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pessoal mobilizado pelo Ministério da Saúde haitiano, segundo Chandler.
O novo balanço revisou o anterior, de 66 mortos, divulgado mais cedo pelo vice-prefeito de Cabo Haitiano, Patrick Almonor.
"Ainda é um balanço provisório, porque os feridos foram transferidos para vários hospitais", acrescentou então Almonor, ao assinalar que as autoridades realizariam "uma visita esta manhã para ver se não há novos falecidos".
Cerca de 50 pessoas, muitas delas em estado crítico, ficaram feridas na explosão, que teve lugar na madrugada de terça-feira na segunda maior cidade do país.
Segundo Almonor, o motorista do caminhão cisterna teria tentado desviar de um mototáxi, mas perdeu o controle do veículo, que acabou tombando.
Em seguida, uma multidão correu até o caminhão, apesar das advertências do motorista, para recolher o combustível, um bem altamente valorizado no país.
Segundo declarou à AFP Jerry Chandler, os moradores tentaram encher "recipientes improvisados, o que resultou em uma terrível explosão". O tanque explodiu pouco depois, matando boa parte dos que estavam próximos do caminhão.
Cerca de 20 feridos foram transferidos para diversos centros hospitalares do país, incluindo o da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Porto Príncipe, o único especializado em queimaduras graves no Haiti.
"Trabalhamos durante toda a noite e, neste momento, nossos 12 pacientes estão estáveis", disse nesta quarta-feira Jean Gilbert Ndong, coordenador-médico de MSF, que acrescentou que o hospital recebeu outros dez pacientes durante o dia.
A explosão é a tragédia mais recente que afeta o país caribenho assolado pela pobreza, os desastres naturais, a violência das organizações criminosas e a paralisia política.
Ademais, a nação mais pobre das Américas enfrenta forte escassez de combustíveis, devido ao fato de grupos criminosos terem assumido o controle de parte da rede de abastecimento. O país nunca produziu energia suficiente para satisfazer as necessidades de sua população.
Este ano, os grupos armados aumentaram consideravelmente o seu domínio sobre Porto Príncipe, controlando as estradas que levam aos três terminais petrolíferos do país.
Nas últimas semanas, mais de uma dezena de veículos de transporte de combustível foram sequestrados por gangues que exigiram altos valores em pagamentos de resgate para libertar seus motoristas.
* AFP