O exército das Filipinas tentava transportar água e comida nesta terça-feira (21) para as ilhas devastadas pela passagem do tufão Rai, enquanto organizações humanitárias pedem ajuda para centenas de milhares de desabrigados. Ao menos 375 pessoas morreram e centenas ficaram feridas na passagem do fenômeno pelo centro e sul do arquipélago.
O cenário é de destruição: casas de madeira desabaram, árvores foram arrancadas e o fornecimento de energia elétrica foi cortado em vários locais. A ONU citou uma "devastação absoluta" nas áreas mais afetadas pelo Rai, que tocou o solo na quinta-feira como supertufão, o fenômeno mais potente a afetar o país este ano.
— Nunca em minha vida havia visto um tufão assim — afirmou o padre católico Antonieto Cabajog em Surigao, no extremo norte da ilha de Mindanao.
— Dizer super é um eufemismo — acrescentou a uma agência de notícias administrada pela Igreja.
Mais de 400 mil pessoas estão em abrigos ou em casas de parentes, informou a agência nacional de gestão de desastres, depois que suas casas foram destruídas ou muito danificadas pelo ciclone.
Uma das ilhas mais afetadas foi Bohol, conhecida por suas praias e locais de mergulho. Ao menos 96 pessoas morreram na localidade, informou o governador Arthur Yap, que declarou estado de calamidade.
O governador informou que a província não tem dinheiro e pediu ajuda ao presidente Rodrigo Duterte.
— Se você não vai enviar dinheiro para comprar comida, envie soldados e policiais porque vão acontecer saques aqui — declarou em uma entrevista à rádio DZBB.
As ilhas de Siargao, Dinagat e Mindanao também foram muito afetadas, com ventos de até 195 quilômetros por hora.
Mobilização
Milhares de militares, policiais e agentes da guarda costeira foram mobilizados para entregar comida, água potável e suprimentos médicos aos sobreviventes, que sofrem para encontrar produtos básicos.
— Ordenei (ao exército) que mobilize todos os recursos disponíveis, navios, barcos, aviões, caminhões, para entregar os produtos às regiões afetada — disse o secretário de Defesa, Delfin Lorenzana.
Máquinas pesadas, incluindo retroescavadeiras, também foram enviadas para limpar as estradas.
A Cruz Vermelha também está enviando mantimentos para as ilhas de Siargao e Bohol, dois destinos turísticos. A organização pediu US$ 22 milhões para financiar os trabalhos de emergência — o Reino Unido ofereceu US$ 1 milhão para o esforço.
O Rai atingiu as Filipinas de forma tardia — a temporada de tufões geralmente acontece de julho a outubro.
Os cientistas alertam que as tempestades são cada vez mais potentes e ganham força de maneira mais rápida devido ao aquecimento global provocado pela mudança climática.
Filipinas, considerado um dos países mais vulneráveis ao fenômeno, registra a passagem de quase 20 tufões a cada ano. Em 2013, o tufão Haiyan deixou mais de 7.300 pessoas mortas ou desaparecidas, a tempestade mais violenta a afetar o país.