Os líderes do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), reunidos em uma cúpula remota, concordaram neste sábado (sexta, 12, em Brasília) em reduzir a taxação das vacinas contra a covid-19, mas não fizeram progressos significativos em matéria de mudanças climáticas.
Os participantes da reunião anual do mais alto nível deste fórum - uma organização de 21 países, incluindo México, Peru e Chile - também receberam com frieza os esforços dos Estados Unidos para restabelecer relações com a região após suas políticas protecionistas durante o governo de Donald Trump.
No total, os representantes dos 21 países, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, participaram deste encontro organizado pela Nova Zelândia, que aconteceu em paralelo à conferência climática COP26 de Glasgow, no Reino Unido.
A primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que presidiu a reunião, disse que era uma oportunidade para discutir um "reajuste" econômico após a crise do coronavírus.
"Os líderes da APEC estão determinados a trabalhar juntos para derrotar a covid-19", afirmou ela. "Estamos focados em uma resposta econômica coordenada à recessão mais profunda em 75 anos, na criação de novos modelos de crescimento e em lidar com as mudanças climáticas", acrescentou.
- Recuperação "mais verde" -
Os participantes concordaram em pressionar para congelar os aumentos nos subsídios aos combustíveis fósseis, como parte de um plano para tornar sustentável o desenvolvimento econômico pós-pandemia.
Uma ideia, também evocada na COP26, que a APEC levantou pela primeira vez há mais de 10 anos, mas nunca foi implementada.
Antes da declaração final ser divulgada, a primeiro-ministra da Nova Zelândia havia pedido "mais ambição".
"É claro que gostaríamos de ver um mundo sem subsídios aos combustíveis fósseis em nossas economias, que tem sido a posição da Nova Zelândia há muito tempo e que continuaremos a promover", disse Ardern, alertando que "se o mundo não estiver preparado para tomar medidas enérgicas contra as mudanças climáticas, então o mundo deve estar preparado para as consequências desastrosas das mudanças climáticas".
"Na Ásia-Pacífico, temos que garantir que a recuperação da pandemia seja ecológica e temos que liderar uma resposta científica à mudança climática", afirmou, por sua vez, o presidente Xi à margem do evento.
Para seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in, a mudança para fontes limpas de energia representa nada menos do que uma "grande transformação da civilização" que afeta a toda a humanidade.
O principal resultado da cúpula foi o compromisso de reduzir as tarifas de vacinas e outros suprimentos médicos relacionados à pandemia para agilizar a resposta internacional à crise de saúde.
Esta reunião da APEC foi realizada em um contexto de rivalidade crescente entre os Estados Unidos e a China, as principais potências econômicas e militares da região.
As tensões entre Washington e Pequim aumentaram em relação a Taiwan, direitos humanos e comércio, e uma para segunda-feira está prevista uma esperada reunião remota entre Joe Biden e Xi Jinping.
No mês passado, aviões chineses realizaram um número recorde de investidas na zona de defesa aérea de Taiwan e, na quinta-feira, Xi alertou contra um ambiente de "guerra fria" na região da Ásia-Pacífico.
* AFP