O governo dos Estados Unidos reabriu nesta segunda-feira (8) as fronteiras terrestres e aéreas aos visitantes estrangeiros vacinados contra a covid-19, o que encerra 20 meses de restrições de viagens que separaram famílias, prejudicaram o turismo e afetaram os laços diplomáticos com boa parte do mundo.
A proibição, imposta pelo ex-presidente Donald Trump em março de 2020 e mantida pelo sucessor Joe Biden, foi muito criticada e virou um símbolo dos transtornos provocados pela pandemia.
Nos aeroportos da Europa, os passageiros entusiasmados formaram filas para embarcar em voos com destino à costa leste dos Estados Unidos, enquanto nas fronteiras com México e Canadá filas de carros foram observadas durante a madrugada.
As restrições não eram aplicadas à maioria dos países latino-americanos, cujos residentes viajaram em massa aos Estados Unidos desde o início do ano em busca das vacinas contra a covid-19.
Mas as portas estavam fechadas, e agora reabrem, para visitantes procedentes de grande parte do mundo, em um esforço para conter a propagação do coronavírus. A lista incluía os 26 países europeus da Área Schengen, assim como Reino Unido, Irlanda, Brasil, China, Irã, África do Sul e Índia.
Também estava proibida a entrada por terra ou balsa a partir do Canadá e México.
No aeroporto londrino de Heathrow, dois aviões das companhias British Airways e Virgin Atlantic com destino a Nova York decolaram ao mesmo tempo de pistas paralelas, para celebrar a ocasião.
Para atender a crescente demanda, as companhias aéreas aumentaram o número de voos transatlânticos e pretendem utilizar aviões maiores.
Escassez de dólares
Ao longo da fronteira entre México e Estados Unidos, muitas cidades tiveram problemas econômicos devido às restrições comerciais contra covid.
Antes da reabertura, as casas de câmbio de Ciudad Juárez, no México, foram afetadas pela escassez de dólares.
O governo de Ciudad Juárez anunciou um sistema especial para o tráfego, que inclui a instalação de banheiros portáteis nas três pontes que seguem para os Estados Unidos, "pois se calcula um tempo de espera de até quatro horas", afirmou o diretor local de segurança viária, César Alberto Tapia.
No vizinho do norte, os idosos poderão retomar as viagens anuais à Flórida para evitar o inverno canadense rigoroso.
Durante a madrugada, filas de carros e trailers foram registradas na ponte Rainbow, entre as cataratas do Niágara e o Estado de Nova York.
Mas o custo do teste PCR que o Canadá exige para as viagens entre fronteiras - até US$ 250 - pode ser proibitivo.
Ann Patchett, moradora de Ontário, declarou que ela e seu marido teriam que pagar US$ 500 para visitar a família nos Estados Unidos.
— É muito frustrante — disse.
Algumas restrições persistem
A suspensão da proibição de viagens afeta mais de 30 países, mas a entrada nos Estados Unidos não estará totalmente aberta.
As autoridades americanas pretendem vigiar de perto o estado de vacinação dos viajantes e mantêm a exigência de apresentação de resultados negativos para teste de covid-19.
A reabertura acontecerá em duas fases. A partir desta segunda-feira serão exigidos comprovantes de vacinação para as viagens "não essenciais" — como visitas familiares ou turismo —, mas continuará sendo permitida a entrada no país de pessoas não vacinadas para as viagens "essenciais".
Uma segunda fase, que começará em janeiro, exigirá que todos os visitantes estejam completamente vacinados para entrar nos Estados Unidos por terra, sem importar o motivo da viagem.
As autoridades de saúde americanas afirmaram que todas as vacinas aprovadas pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) serão aceitas para entrada por viagens aéreas.