A cúpula do clima em Glasgow é um momento decisivo na luta contra o aquecimento global, alertou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, garantindo que o mundo já está pagando o preço por décadas de hesitação.
"Glasgow é um momento crítico e acho que todos reconhecem isso no contexto em que estamos", afirmou à AFP em uma entrevista realizada junto com o Covering Climate Now, New Zealand Herald e NBC News.
"É o momento que nos levará ao sucesso ou ao fracasso na ambição do 1,5 ºC" ao máximo de aquecimento global previsto em 2015 pelo Acordo de Paris, disse Ardern, ressaltando que "estes limites já foram ultrapassados".
Por isso, a líder neozelandesa pediu ações significativas e imediatas em Glasgow, embora ela não participe da reunião porque seu país está recebendo este mês a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
Com sua nação próxima dos muitos arquipélagos do Pacífico, aglomerados de pequenas ilhas altamente suscetíveis à erosão costeira e à elevação do nível do mar, Ardern pediu que sua voz fosse ouvida na COP26.
"Sabemos o que significa não conseguir esse 1,5 ºC para o mundo, para nós, para a região", declarou.
- Setor agrícola esquecido -
Seu governo recentemente adotou uma série de compromissos, como reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa até 2030, quadruplicar a ajuda externa a projetos para mitigar as mudanças climáticas e forçar os mercados financeiros a explicar o impacto ambiental de seus investimentos.
"Por muitas décadas, foram definidas metas, mas não foram feitos investimentos ou alterações que se alinhassem a essas metas", apontou Ardern. "Temos que agir agora, para que não tenhamos todos uma queda vertiginosa."
Apesar do discurso ambientalista da líder de centro-esquerda, que chegou ao poder em 2017, ativistas ambientais a reprovam por falta de coragem para acabar com o lucrativo e poluente setor agrícola do país.
Assim, o plano recentemente apresentado para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 não incluía medidas específicas contra este setor, responsável por metade das emissões do país.
Tal exclusão do plano deixa as reivindicações do governo sobre o clima "carentes de sentido", disse Christine Rose, do Greenpeace.
"A menos que tomemos medidas para lidar com as emissões agrícolas agora, o resto de nós ficará com este pesado entrave enquanto o agronegócio lucra com a poluição", acrescentou.
Ardern também foi criticada pela famosa ativista sueca Greta Thunberg, a quem Ardern não hesita em defender.
"Em minha opinião, o mundo precisa daqueles que nos responsabilizam, pois não se trata apenas de 'estabelecer uma meta, despreocupar-se e esperar o melhor'. Esses ativistas estão em busca de mudanças tangíveis agora", afirmou.
* AFP