Kampala, a capital de Uganda, teve sua vigilância reforçada nesta quarta-feira (17), com ruas bloqueadas e postos de controle e patrulhas armadas, um dia depois de um duplo atentado suicida reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
As duas explosões ocorreram pela manhã, com três minutos de intervalo, perto do quartel-general da polícia e do Parlamento, no distrito financeiro e administrativo de Kampala.
Anunciado ontem pela manhã pela polícia, o balanço oficial de três mortos subiu para quatro hoje, após o falecimento, durante a noite, de uma pessoa que não resistiu aos ferimentos, disse à imprensa Baterana Byaruhanga, diretor-executivo do Hospital Mulago, que recebeu os feridos.
Em um comunicado divulgado ontem à noite, o presidente Yoweri Museveni relatou 36 feridos.
"A segurança foi reforçada em Kampala e em seu entorno para garantir que a população esteja protegida de qualquer perigo", disse à AFP o porta-voz da polícia metropolitana da capital ugandesa, Like Owoyesigyire.
Durante a manhã, via-se muitos policiais e militares nas ruas de Kampala, assim como pontos de controle em algumas avenidas, provocando engarrafamentos, observou um jornalista da AFP no local.
No bairro de negócios, algumas ruas estavam fechadas, e muitos prédios públicos não abriram para o público.
Alguns moradores preferiram evitar se deslocar pela capital.
"Hoje, não fui trabalhar, pelos ataques de ontem", disse Sylvia Nabukeera, uma mãe de 31 anos, que trabalha em um shopping de Kampala.
- Ataques do EI -
Os investigadores continuam inspecionando os lugares dos ataques.
A polícia buscava possíveis suspeitos, ou cúmplices, depois de ter prender na terça-feira um quarto "terrorista". Um artefato explosivo caseiro foi encontrado em sua residência.
Ferido durante sua detenção, o homem "morreu, mas nos deu informações muito boas antes", declarou ontem o presidente Museveni.
O primeiro ataque teve como alvo um posto de controle próximo ao QG da polícia por um homem carregando uma bomba em uma mochila. No segundo, dois homens "disfarçados de mototáxis" deflagraram sua carga explosiva, perto da entrada do Parlamento.
As forças de contraterrorismo detiveram um quarto terrorista e "apreenderam um dispositivo explosivo caseiro não detonado de sua casa", relatou ontem a polícia.
A explosão perto das instalações da polícia destruiu janelas, e a outra, perto do Parlamento, incendiou veículos estacionados na área.
A polícia de Uganda atribuiu o duplo atentado de terça-feira a um "grupo local ligado às ADF", as Forças Democráticas Aliadas, uma rebelião ativa no leste da vizinha República Democrática do Congo (RDC).
Posteriormente, no entanto, o Estado Islâmico (EI) assumiu a responsabilidade pelos ataques, em nota publicada ontem em seus canais no aplicativo de mensagens instantâneas Telegram. Nela, o EI anunciou que os ataques foram cometidos por três homens-bomba.
Este é o segundo atentado mortal em Uganda reivindicado pelo EI em poucas semanas. Em 23 de outubro, o grupo já havia reivindicado a autoria de atentado a bomba em um restaurante de Kampala. Nesta ocorrência, uma garçonete morreu, e várias pessoas ficaram feridas.
Desde abril de 2019, o EI assume a responsabilidade por alguns ataques cometidos pelas ADF, às quais se refere como sua "Província da África Central" (Iscap, na sigla em inglês).
Em março, os Estados Unidos incluíram as ADF à sua lista de "organizações terroristas" afiliadas ao EI.
* AFP