A 3,7 mil quilômetros a oeste da costa do Chile, no meio do Oceano Pacífico, o povo polinésio rapa nui decidiu no domingo (24), com 67% dos votos, não reabrir a Ilha de Páscoa ao turismo após quase dois anos de isolamento pela pandemia.
O território insular do Chile não recebe turistas desde 16 de março de 2020, quando o país estabeleceu o estado de emergência e adotou restrições sanitárias ante a chegada do coronavírus. O país registra um balanço de mais de 1,6 milhão de casos e 36 mil mortes por covid-19.
No período, a ilha contabilizou apenas oito casos de covid-19 e não tem nenhum paciente desde setembro de 2020. Também não houve hospitalizações ou mortes durante a pandemia, de acordo com as autoridades locais.
Dependente da região de Valparaíso, a Ilha de Páscoa viveu os últimos meses em um isolamento quebrado apenas pelos aviões de abastecimento. Por este motivo, o povo originário rapa nui votou — em uma consulta não vinculante — sobre voltar a receber os turistas ou manter as condições atuais.
Toda a comunidade indígena — 60% dos quase 10 mil habitantes do território insular do Chile — estavam convocados para decidir na consulta não vinculante sobre o o futuro turístico e, por consequência econômico, da ilha remota.
Há décadas, os habitantes baseiam o desenvolvimento da ilha na atração de turistas de todo o mundo.
Apenas 972 pessoas exerceram a opção de voto — menos de 20% da população rapa nui com condições de comparecer às urnas — em uma consulta da comunidade Ma'u Henua, administradora do parque nacional Rapa Nui, que fez a pergunta "Você quer a abertura da ilha (ao turismo) em janeiro?".
A opção "não" recebeu 649 votos e o "sim" 320, além de três votos nulos, anunciou a comunidade nas redes sociais. A autoridade loca não se pronunciou sobre o resultado.
A decisão final, no entanto, será da autoridade de saúde regional de Valparaíso ou do ministério da Saúde, que não explicaram se pretendem levar o resultado da votação em consideração.
— A receita da ilha é sua indústria turística. É a fonte que movimenta a economia — explicou à AFP Salvador Atan, vice-presidente da comunidade Ma'u Henua, administradora do Parque Nacional Rapa Nui.