Os sérvios da Bósnia vão formar seu próprio exército dentro de "alguns meses" - afirmou seu líder político, Milorad Dodik, uma ameaça que corre o risco de exacerbar ainda mais uma crise política deflagrada em julho pelo boicote sérvio às instituições centrais do país.
"Vamos retirar nosso acordo sobre o exército conjunto da Bósnia", por meio de uma votação no Parlamento da República Srpska, entidade dos sérvios da Bósnia, declarou Milorad Dodik, membro sérvio da presidência colegiada da Bósnia, na segunda-feira à noite (27).
Em paralelo, "vamos propor, para uma tomada de decisão nos próximos dias (...), a formação do exército da República Srpska, no prazo de alguns meses", disse Dodik à imprensa.
O Acordo de Paz de Dayton (Estados Unidos) consagrou a divisão da Bósnia, antiga república iugoslava, em duas entidades: uma sérvia e outra croata-bósnia, unidas por um governo central.
Com um total de 10.000 soldados e pessoal civil, as Forças Armadas comuns se estabeleceram em 2006, 11 anos depois da guerra que deixou 100.000 mortos entre 1992 e 1995.
Impulsionada pela comunidade internacional, essa reforma é vista como crucial para a integridade territorial da Bósnia, com frequência desafiada por Milorad Dodik.
"É um ato criminoso de rebelião", reagiu Zeljko Komsic, membro croata da presidência, em uma declaração à Rádio Sarajevo.
Integrada por três membros (sérvios, croatas e bósnios), a presidência conjunta de Bósnia e Herzegovina é o comandante em chefe das Forças Armadas.
* AFP