Pelo menos 47 migrantes desapareceram em alto-mar, na costa da Mauritânia, e estão, provavelmente, mortos - afirmou nesta terça-feira (17) um responsável da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A Guarda Costeira mauritana detectou a embarcação à deriva na segunda-feira com seis homens e uma mulher na costa de Nuadibú, próximo à fronteira com o Saara Ocidental.
Eles eram parte de um grupo de 54 pessoas de diferentes países da África Ocidental. "Os demais morreram de fome e sede quando seus suprimentos acabaram", disse um funcionário da organização sob condição de anonimato, uma prática comum na Mauritânia por questões de segurança.
O grupo era formado por 43 homens e 11 mulheres do Mali, Senegal, Costa do Marfim, Mauritânia e Guiné, de acordo a OIM. Entre eles estavam duas crianças com menos de três anos e uma adolescente.
Os sobreviventes receberam a ajuda e os cuidados da OIM e da Cruz Vermelha. Quatro estão hospitalizados em estado grave, segundo a organização das Nações Unidas.
A embarcação partiu "provavelmente" da região de El Aaiun (Saara Ocidental) em 3 de agosto, com destino às Ilhas Canárias, mas teve uma pane no motor e ficou à deriva por quase duas semanas, informou à AFP o responsável da OIM, Nicolas Hochart.
Outro funcionário da organização determinou como local de partida a cidade marroquina de Tan-Tan, cerca de 300 quilômetros ao norte, em frente ao arquipélago das Canárias.
"Se tudo ocorrer bem, a viagem costuma durar no máximo alguns dias (...). Quando o motor quebrou, ficaram sem reserva" de água e de alimentação, destacou Hochart.
Esta rota atlântica da costa oeste da África até as Ilhas Canárias, porta de entrada para a Europa, costuma ser tomada todo ano por milhares de migrantes em pequenas embarcações.
A travessia é perigosa. Cerca de 370 pessoas morreram ou desapareceram desde o início de 2021 na "rota atlântica", informou o responsável da OIM. No entanto, o número de mortos pode ser muito maior.
As chegadas de migrantes a este arquipélago espanhol aumentaram desde o final de 2019, principalmente devido ao maior controle no Mediterrâneo.
A OIM na Espanha estima que o aumento também se deve à pandemia de covid-19 e seu impacto nas condições de vida na África, além da retomada da rota do Atlântico em 2020 por traficantes.
* AFP