Vinte e seis militares chadianos morreram e vários ficaram feridos em um ataque do Boko Haram ocorrido nesta quarta-feira na região do lago Chade, que fica na fronteira com Camarões e é alvo de incursões jihadistas.
"Vinte e seis elementos do Exército chadiano caíram no campo de honra e outros 14 ficaram feridos, oito deles gravemente. Vários terroristas foram neutralizados e a busca continua", disse à AFP o porta-voz do Exército, general Azem Bermandoa Agouna. Um balanço anterior de autoridades dava conta de 24 soldados mortos.
A morte dos soldados "lembra os desafios que continuamos enfrentando em parte de nossas fronteiras. O preço alto que pagamos nesta guerra desigual é amargo, mas não será em vão. Faremos a hidra terrorista se render", afirmou Mahamat Idriss Déby, presidente do Conselho Militar de Transição desde abril, quando seu pai, Idriss Déby Itno, morreu em combate com rebeldes.
O ataque ocorreu na ilha de Tchoukou Telia, 190 quilômetros ao noroeste de N'Djamena, confirmou o porta-voz do Exército, general Azem Bermandoa Agouna, que não quis fornecer um balanço para a AFP.
O lago Chade é uma imensa extensão de água e de pântanos com ilhotas habitadas em sua parte oeste, que faz fronteira com Níger, Camarões e Nigéria.
O Boko Haram e seu braço dissidente, o Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP, em inglês), refugiam-se nessas ilhotas e aproveitam seu conhecimento sobre a região para lançarem seus ataques contra civis e militares.
Em abril de 2020, o presidente Idriss Déby Itno começou uma ofensiva militar contra os extremistas desta região, mas os ataques do Boko Haram continuaram.
Déby, que morreu em abril deste ano durante os combates contra um grupo rebelde, foi sucedido na liderança do Conselho Militar de Transição por seu filho, Mahamat Idriss Déby Itno.
O Boko Haram surgiu em 2009 no nordeste da Nigéria e se espalhou para os países vizinhos. Desde então, matou mais de 36.000 pessoas, principalmente na Nigéria, e provocou o deslocamento de 3 milhões de pessoas, segundo a ONU.
Em 2016, o grupo se dividiu em dois: a facção histórica, dirigida por Abubakar Shekau; e o ISWAP, afiliado ao Estado Islâmico. As autoridades chadianas chamam os dois grupos de "Boko Haram", indistintamente.
Em junho, o Boko Haram confirmou a morte de seu líder nos combates com o ISWAP.
* AFP