Duas explosões abalaram o aeroporto de Cabul nesta quinta-feira (26), deixando ao menos 70 mortos, segundo os veículos The Wall Street Journal e BBC, depois que os países ocidentais alertaram sobre uma ameaça terrorista iminente, segundo o principal hospital de emergências da capital do Afeganistão. O Pentágono confirmou 12 soldados americanos entre as vítimas.
Um jornalista da AFP viu uma nuvem de fumaça subindo ao céu de um local próximo ao aeroporto. O Talibã condenou as explosões em uma área que, segundo o grupo, está sob controle militar dos Estados Unidos.
"O Emirado Islâmico condena veementemente o atentado contra civis no aeroporto de Cabul", disse um comunicado divulgado pelo porta-voz do grupo no Twitter. "A explosão ocorreu em uma área onde as forças dos Estados Unidos são responsáveis pela segurança", acrescentou.
O porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, John Kirby, tuitou que "podemos confirmar que a explosão no Portão Abbey foi consequência de um ataque complexo que resultou em várias vítimas civis e americanas. Também podemos confirmar pelo menos outra explosão em, ou perto do Hotel Baron, a pouca distância do Portão Abbey".
O Portão Abbey é um dos três pontos de acesso ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, onde milhares de afegãos se aglomeram nos últimos dias buscando fugir dos islâmicos radicais.
O Departamento de Estado dos EUA também informou disparos. "Quem estiver no Abbey Gate, East Gate ou North Gate, devem ir embora agora, imediatamente", alertou.
Repercussões
A Casa Branca informou que o presidente Joe Biden está sendo atualizado sobre o atentado ao aeroporto de Cabul, em meio a uma grande operação de retirada de pessoas após a tomada do poder por parte dos talibãs.
"O presidente foi informado e está no Situation Room", como é chamada a "sala de crise" da Casa Branca, disse à AFP um funcionário que pediu o anonimato.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, declarou que as forças aliadas precisam continuar a retirada de pessoas.
"Condeno firmemente este atentado terrorista terrível (...). Nossa prioridade continua sendo retirar o maior número de pessoas para um lugar seguro o mais rápido possível", tuitou Stoltenberg.
O presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, reforçou a declaração de Stoltenberg e pediu que a retirada continue. "É vital que haja uma passagem segura para o aeroporto", tuitou.
A França também disse que tentará retirar outras "várias centenas" de pessoas do Afeganistão, conforme declaração do presidente Emmanuel Macron nesta quinta. Ele advertiu que as próximas horas serão "extremamente arriscadas" em Cabul e em seu aeroporto, após as explosões.
— Enquanto falamos, temos 20 ônibus de cidadãos com dupla cidadania e afegãos que queremos poder repatriar. São vários centenas de pessoas que continuam em perigo —afirmou Macron em entrevista coletiva durante visita à Irlanda.
— Vários destes ônibus fazem fila do lado de fora do aeroporto — explicou Macron, acrescentando, porém, "não poder garantir que possamos realizar estas operações, porque a situação de segurança não está sob nosso controle".
Macron disse ainda que o embaixador francês no Afeganistão, David Martinon, voltará para Paris nos próximos dias:
— Dada a situação de segurança, o embaixador francês não permanecerá no Afeganistão no momento. Continuará sendo embaixador, mas vai operar de Paris.
Em relação às retiradas, o presidente disse que a França fará "todo o possível para que todas as pessoas que podemos atender, mas que não chegaram ao aeroporto militar possam ter acesso a ele e depois serem retiradas para os Emirados Árabes Unidos e para a França".
Além disso, "vamos construir, junto com nossos aliados, as formas e os meios, depois de 31 de agosto, para realizar operações humanitárias que, necessariamente, terão uma natureza diferente", acrescentou, referindo-se a todos os afegãos ameaçados "pelos combates".
Já o premiê britânico, Boris Johnson, convocou agora à tarde uma reunião interministerial de crise, após as deflagrações em Cabul, onde o Exército britânico também está envolvido nas operações de retirada, informou Downing Street.
De acordo com o porta-voz do governo, "o premiê foi informado da situação no aeroporto de Cabul e vai presidir uma reunião COBR (de crise) mais tarde hoje".
No Twitter, o Ministério da Defesa informou que "ne nenhuma vítima do Exército, ou do governo britânico, foi registrada".
"As forças britânicas trabalham em estreita colaboração com nossos parceiros para garantir a segurança e (dar) assistência médica", completou o Ministério.
A chanceler alemã, Angela Merkel, denunciou o atentado "absolutamente desprezível" no aeroporto de Cabul.
— Os eventos desta tarde mostram que o risco é imenso e que é uma situação muito, muito tensa para retirar as pessoas do país — acrescentou Merkel antes de um discurso em Berlim.