Centenas de crianças desafiaram, nesta quarta-feira (25), a proibição de se manifestarem nos acampamentos de refugiados rohingyas, em Bangladesh, para relembrar o quarto aniversário da violenta repressão contra esta minoria em Mianmar, que levou a um êxodo em massa.
Milhares de policiais e soldados armados patrulhavam os acampamentos do distrito de Cox's Bazar, mas não intervieram.
Cerca de 750.000 rohingyas fugiram do estado birmanês de Rakhine (oeste) em agosto de 2017, após uma operação de repressão do Exército neste país de maioria budista. As Forças Armadas foram denunciadas por assassinatos e estupros contra essa minoria.
Famílias inteiras se juntaram, em condições muito difíceis, aos 200.000 refugiados vítimas de perseguições já instalados em campos do outro lado da fronteira, em Bangladesh.
Nesta quarta, crianças, algumas de apenas cinco anos de idade, participaram de uma marcha surpresa de 15 minutos no acampamento de Kutupalong, o maior campo de refugiados do mundo. Pediram justiça para os rohingyas mortos durante a repressão, que seriam milhares, segundo ONGs locais.
Entre 3.000 e 4.000 crianças participaram do ato, gritando "queremos justiça!" e pedindo uma repatriação "justa", relatou o líder comunitário Mohamad Osman. A polícia afirma que a adesão foi de apenas algumas dezenas de crianças.
As autoridades de Bangladesh proibiram as manifestações nos acampamentos de refugiados, alegando que podem espalhar a covid-19. O coronavírus matou pelo menos 30 rohingyas, e contaminou outros milhares.
* AFP