Scarlett Johansson está processando a Disney por sua decisão de lançar o filme "Viúva Negra", protagonizado pela atriz, por streaming ao mesmo tempo que nos cinemas, alegando uma quebra de contrato que custou a ela milhões de dólares.
Johansson, uma das maiores e mais bem pagas estrelas de Hollywood, tinha direito a uma porcentagem das receitas de bilheteria do tão aguardado filme da super-heroína da Marvel, de acordo com uma ação judicial aberta nesta quinta-feira (29) no Tribunal Superior de Los Angeles.
O filme deveria ter sido lançado no cinema no ano passado, mas foi atrasado várias vezes devido à pandemia de covid-19 e acabou estreando este mês simultaneamente nos cinemas e na plataforma Disney+.
Analistas de bilheteria citaram a estreia em streaming como um fator importante para um lançamento fraco - para os padrões da Marvel - de um título que arrecadou pouco mais de 150 milhões de dólares nas salas dos Estados Unidos e Canadá em três semanas.
"Não é nenhum segredo que a Disney está lançando filmes como Viúva Negra diretamente na Disney+ para aumentar os assinantes e, assim, impulsionar o preço das ações da empresa - e que está se escondendo atrás da covid-19 como pretexto para isso", disse o advogado de Johansson, John Berlinski, em declaração à AFP.
"Certamente não será o último caso em que talentos de Hollywood enfrentam a Disney e deixam claro que, independentemente do que a empresa possa fingir, tem a obrigação legal de honrar seus contratos", acrescentou.
Um porta-voz da Disney - dona da Marvel Studios, uma enorme potência dos super-heróis no cinema - disse em um comunicado à AFP que a empresa não violou nenhum contrato e que "este processo não tem mérito algum".
"O processo é especialmente triste e angustiante por sua insensibilidade com os horríveis e persistentes efeitos globais da pandemia de covid-19", declarou.
Como muitos estúdios de Hollywood, a Disney está priorizando cada vez mais o streaming como uma fonte de receita futura.
Após o fim de semana de estreia do filme, a Disney emitiu um comunicado à imprensa afirmando que "Viúva Negra" havia faturado "mais de 60 milhões de dólares" apenas na Disney+, onde estava disponível para assinantes por um custo adicional de 30 dólares.
O processo de Johansson diz que para "proteger seus interesses financeiros, a sra. Johansson extraiu da Marvel uma promessa de que o lançamento do filme seria um 'lançamento cinematográfico'", portanto, ela entendeu que ele não entraria no streaming antes de uma "janela" tradicional de tempo.
Mas "a Disney queria atrair o público do filme para longe dos cinemas e para seu próprio serviço de streaming, onde poderia manter as receitas para si mesma e, simultaneamente, aumentar a base de assinantes da Disney+, uma forma comprovada de impulsionar o preço das ações da Disney", alega.
"A Disney queria desvalorizar substancialmente o acordo da sra. Johansson e, assim, enriquecer", acrescenta.
O estúdio rival Warner Bros foi criticado no ano passado por uma decisão semelhante ao lançar todos os seus filmes de 2021 ao mesmo tempo nos cinemas e em sua plataforma HBO Max.
A Warner renegociou muitos de seus acordos com estrelas e cineastas, supostamente pagando 200 milhões de dólares para compensar a perda de lucros de bilheteria.
* AFP