O proprietário da fábrica que pegou fogo em Bangladesh, provocando a morte de 52 pessoas, foi preso por homicídio, informou neste sábado (10) a polícia, que abriu uma investigação paralela porque crianças de até 11 anos trabalhavam no local.
Além do proprietário da fábrica de alimentos e bebidas, outras sete pessoas foram presas, incluindo quatro de seus filhos, acrescentou a polícia.
O incêndio, que devastou na sexta-feira (9) a fábrica de seis andares localizada em Rupganj, uma cidade industrial perto de Daca, levou mais de 24 horas para ser controlado e feriu cerca de 30 pessoas. Algumas delas tiveram que saltar das janelas do prédio para escapar.
A polícia também informou a abertura de uma investigação paralela sobre o emprego infantil na fábrica, propriedade da empresa Hashem Food and Beverage.
De acordo com o chefe da polícia local, Jayedul Alam, a fábrica estava com as portas fechadas no momento do incêndio e violava várias normas de segurança.
"Foi assassinato deliberado", disse ele à AFP.
Os serviços de emergência encontraram 48 corpos no terceiro andar, onde a porta que dava acesso à escada principal estava trancada, segundo informou o porta-voz do corpo de bombeiros.
O prédio armazenava produtos químicos altamente inflamáveis e plásticos que teriam alimentado as chamas.
A ministra do Trabalho, Monnujan Sufian, explicou à AFP que conversou no hospital com dois sobreviventes do incêndio que têm apenas 14 anos e com uma mulher cujo filho de 11 anos supostamente trabalhava na fábrica e ainda está desaparecido.
Os incêndios e desabamentos de prédios são relativamente frequentes em Bangladesh, um país pobre do sul da Ásia, principalmente em sua grande indústria têxtil, devido à violação das normas de segurança.
As reformas prometidas pelo governo demoram para se concretizar.
A polícia e testemunhas disseram que o incêndio começou por volta das 17h00 (08h00 no horário de Brasília) de quinta-feira em Hashem Food and Beverage, que fabrica doces, macarrão e sucos de frutas, entre outros produtos.
"O governo não realizou a mínima melhoria na segurança de trabalho de milhares de fábricas, o que provocou a morte evitável de muitos trabalhadores", criticou Kalpon Alter, um funcionário.
Pelo menos 70 pessoas morreram em fevereiro de 2019 em um enorme incêndio que destruiu vários prédios residenciais em Daca, onde produtos químicos eram ilegalmente armazenados.
Em abril de 2013, o ateliê Rana Plaza desabou como um castelo de cartas, matando ao menos 1.138 trabalhadores, uma tragédia que causou comoção mundial.
* AFP