O presidente americano Joe Biden pediu nesta segunda-feira (12) ao governo comunista de Cuba que não recorra à violência contra os protestos de rua e expressou o apoio dos Estados Unidos aos manifestantes.
"Fazemos um apelo ao governo de Cuba para que se abstenha da violência", disse Biden a jornalistas.
Em nota divulgada horas antes, o presidente havia pedido às autoridades cubanas "que ouvissem seu povo".
"Estamos ao lado do povo cubano e seu claro apelo à liberdade e ao resgate das trágicas garras da pandemia e das décadas de repressão e sofrimento econômico a que foi submetido pelo regime autoritário de Cuba", declarou Biden.
"Os Estados Unidos pedem ao regime cubano que, em vez de se enriquecer, ouça seu povo e atenda suas necessidades neste momento vital."
O governo cubano acusa Washington de estar por trás dos protestos sem precedentes registrados na ilha no domingo.
O presidente Miguel Díaz-Canel disse nesta segunda-feira que as sanções econômicas dos EUA foram a causa da agitação social, chamando-as de "uma política de asfixia econômica para provocar surtos sociais no país".
A reação do governo Biden foi rápida: o secretário de Estado, Antony Blinken, classificou como um "grave erro" o líder cubano responsabilizar os Estados Unidos pelos protestos históricos.
"Seria um grave erro do regime cubano interpretar o que está acontecendo em dezenas de vilas e cidades em toda a ilha como resultado ou produto de qualquer coisa que os Estados Unidos tenham feito", afirmou Blinken a jornalistas.
"Simplesmente não estão ouvindo as vozes e a vontade do povo cubano, pessoas profundamente cansadas da repressão que já dura muito tempo", disse Blinken.
Também respondendo ao comunicado das autoridades cubanas, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que os protestos eram "expressões espontâneas de pessoas esgotadas com o governo cubano".
Os manifestantes reagem "à dura realidade da vida cotidiana em Cuba, não a pessoas de outro país".
No domingo, o assessor de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, alertou Cuba contra a repressão aos manifestantes.
"Os Estados Unidos apoiam a liberdade de expressão e reunião em Cuba e condenariam veementemente qualquer uso de violência contra manifestantes pacíficos que estão exercendo seus direitos universais", postou no Twitter.
- Impacto político doméstico -
Mais focado até então em assuntos internos, como o combate à covid-19 e a aprovação de leis de infraestrutura, e enquanto se retira do Afeganistão após 20 anos de guerra, o governo Biden havia praticamente ignorado a questão cubana até hoje.
Mas a ilha tem um peso cada vez maior na política americana. A forte presença de cubanos e cubano-americanos na Flórida, um dos estados-chave para ganhar a presidência, é bastante importante para as eleições.
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que agora mora na Flórida, rapidamente foi lembrar a seus seguidores que Biden era a favor do restabelecimento das relações com Cuba quando era vice-presidente de Barack Obama.
"Não se esqueçam de que Biden e os democratas fizeram campanha dizendo que reverteriam minha dura posição em relação a Cuba", disse Trump, que ainda se recusa a reconhecer sua derrota eleitoral em 2020 e é a principal ameaça republicana a Biden em 2024.
"Estou com o povo cubano 100% em sua luta pela liberdade", disse Trump em um comunicado. "Joe Biden DEVE enfrentar o regime comunista ou a história vai se lembrar".
"Os protestos aconteceram ontem", afirmou a porta-voz da Casa Branca, explicando a mudança. "Ainda estamos avaliando o que está motivando e impulsionando todos os indivíduos que foram às ruas."
* AFP