O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo afirmou nesta segunda-feira (28) que em 2011 foi enviado ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia porque "era preciso afastar o homem que incomoda, um oponente que incomoda", em declarações à imprensa.
"O TPI não era sério. Era preciso afastar o homem que incomoda, um oponente que incomoda, então me mandaram para lá", afirmou Gbagbo em Mama, sua cidade natal, no centro-oeste da Costa do Marfim.
"Mas não me arrependo, porque se eu tivesse voltado com o rótulo de criminoso, vocês é que teriam passado vergonha", acrescentou o ex-presidente, absolvido no final de março pelo TPI, onde havia sido acusado de crimes contra a humanidade.
"Até os brancos que não nos conhecem, que acompanham nossas pequenas brigas aqui, sabem que não sou um criminoso", acrescentou Laurent Gbagbo.
É a primeira vez desde o seu regresso à Costa do Marfim, em 17 de junho e após dez anos de ausência, que o ex-presidente fala publicamente do seu julgamento e da sua absolvição.
Milhares de pessoas o receberam triunfantemente em Mama no domingo, dez dias após seu retorno a Abidjan.
Na segunda-feira, Gbagbo recebeu em sua casa chefes tradicionais do centro-oeste da Costa do Marfim.
Gbagbo, no poder desde 2000, foi preso em 11 de abril de 2011 em Abidjan após ter questionado a vitória de Alassane Ouattara nas eleições presidenciais de 2010. Sua recusa em admitir a derrota do opositor levou a uma grave crise que causou cerca de 3.000 mortes.
Por esses atos de violência, Gbagbo foi primeiro preso no norte da Costa do Marfim, depois transferido no final de 2011 para o TPI, que o absolveu após um longo processo.
Reeleito em outubro de 2020 para um terceiro mandato, Ouattara deu sua aprovação para o retorno de Gbagbo, dias depois de sua absolvição.
* AFP