O rei Abdullah II da Jordânia declarou nesta quarta-feira (7) que chegou ao fim "a sedição" supostamente liderada por seu meio-irmão, o príncipe Hamza, que se encontra "sob sua proteção", no Palácio Real.
"Posso garantir que a sedição foi cortada pela raiz. O desafio desses últimos dias não foi o mais perigoso para a estabilidade do país, mas foi o mais doloroso para mim", disse em uma mensagem lida em seu nome na televisão pública.
"(O príncipe Hamza) se comprometeu com a família (hachemita) a seguir o caminho de seus pais e avós, a ser fiel à sua mensagem e colocar o interesse de Jordânia, sua Constituição e suas leis acima de qualquer outra consideração", diz a mensagem.
O confuso incidente gerou surpresa e especulação dentro e fora da Jordânia, um país excepcionalmente tranquilo na problemática região do Oriente Médio.
Em sua primeira intervenção desde o surgimento do caso, o monarca afirmou: "As partes envolvidas nesta sedição eram de nossa casa e do exterior", sem especificar se falava de fora da família real ou da Jordânia.
O vice-primeiro-ministro da Jordânia, Ayman Safadi, disse no domingo que as investigações permitiram "vigiar intervenções e contatos com partes estrangeiras que buscam desestabilizar a segurança da Jordânia", sem entrar em detalhes.
Cerca de vinte pessoas estão presas, entre elas Basem Awadalá, ex-chefe do gabinete real, apreciado por grande parte da população, e Cherif Hasan Bin Zaid, que foi emissário especial do rei na Arábia Saudita.
O monarca indicou que os resultados da investigação seriam tratados de forma "transparente".
O príncipe Hamza, que nega as acusações contra ele, anunciou na segunda-feira sob pressão da família hachemita sua lealdade ao rei e ao príncipe herdeiro, embora sem se desculpar por suas críticas ao poder.
Hamza foi declarado príncipe herdeiro em 1999 por desejo de seu pai, mas Abdullah o despojou desse título em 2004 e nomeou seu filho mais velho em seu lugar.
O Rei da Jordânia foi apoiado por dirigentes de todo o mundo. O presidente americano, Joe Biden, ligou para ele nesta quarta-feira para expressar sua total solidariedade e apoio, de acordo com a televisão jordaniana e a Casa Branca.
E, nesta quarta-feira, Abdullah II se reuniu em Amã com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que indicou no Twitter a vontade da União Europeia de continuar em cooperação com a Jordânia.
- Como se nada tivesse acontecido -
A suposta conspiração desapareceu completamente da imprensa local nesta quarta-feira, após uma proibição estrita de publicação de informações relacionadas à investigação.
Em uma tentativa de acabar com este episódio sem precedentes no reino Hachemita, o procurador de Amã, Hasan Al Abdullah, decretou na terça-feira o fim da investigação "pelos serviços de segurança sobre o príncipe Hamza e outros".
Nesta quarta-feira, ele especificou que a proibição se referia "à condução da investigação, sua confidencialidade, sua integridade, as provas e os acusados".
Em vez disso, acrescentou que "a proibição exclui a liberdade de opinião e expressão, bem como declarações emitidas por autoridades oficiais".
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou em nota "este novo entrave ao direito à informação".
Para Ahmed Awad, que dirige o Centro Phenix de Estudos de Economia e Informática, "embora se tenha encontrado uma solução no seio da família real, a verdadeira crise política não acabou e vai continuar (...) enquanto não houver mais reformas democráticas".
* AFP