O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, reivindicou nesta terça-feira (27) uma vitória "histórica" dos socialistas nas eleições legislativas, o que lhe permitirá um terceiro mandato consecutivo, mas a oposição não reconheceu a derrota neste pequeno país balcânico, onde os resultados eleitorais são sistematicamente contestados.
"Quebramos o recorde. Obrigado por confiarem em mim para um terceiro mandato", disse ele a milhares de apoiadores no centro de Tirana, dois dias após as eleições.
Segundo os resultados oficiais, após a apuração de 95% dos votos, o Partido Socialista (PS) de Rama teria obtido 48,6%.
O resultado é cerca de dez pontos percentuais a mais que a oposição de centro-direita, que se recusa a assumir a derrota e acusa os adversários de ter comprado a apuração, classificando como um "massacre eleitoral".
As projeções da Comissão Central Eleitoral (CEC) atribuem ao PS 74 lugares em 140, maioria absoluta, o que lhe permite continuar a governar sozinho.
Os democratas de Lulzim Basha reivindicaram a vitória quando os resultados ainda não eram conhecidos. Sua aliança eleitoral de uma dezena de partidos obteve cerca de 39% dos votos (59 cadeiras).
"Essas eleições não têm nada a ver com democracia", declarou ele na noite de terça-feira, anunciando que não iria "se render".
"Entramos nesta batalha com um regime que fez todo o possível para destruir uma campanha eleitoral honesta", disse ele a seus apoiadores.
O Ministério Público anunciou a abertura de cerca de trinta investigações sobre suspeitas de irregularidades eleitorais.
O Movimento Socialista pela Integração (MSI) fundado pelo presidente Ilir Meta, adversário de Rama, recebeu menos de 7% dos votos (quatro cadeiras).
- Mão estendida -
Desde o fim do comunismo no país mais pobre dos Bálcãs no início da década de 1990, os resultados das eleições sempre foram questionados pelos perdedores por alegações de fraude.
Depois de uma campanha eleitoral ser atormentada por insultos, acusações de corrupção e violência, a votação e a contagem dos votos decorreram sem maiores problemas.
"Serei o primeiro-ministro de todos os albaneses", disse o político de 56 anos, convidando a oposição "a trabalhar" com seu partido pelo bem do país.
O processo eleitoral foi acompanhado de perto pela comunidade internacional, que o considerou uma prova de fogo para a frágil democracia albanesa, candidata à adesão à União Europeia há sete anos.
A União Europeia elogiou a "boa organização" da votação e exortou os partidos a "seguirem o princípio democrático que consiste em respeitar o resultado das eleições".
O primeiro-ministro, a quem seus detratores acusam de autoritarismo e arrogância, fez campanha por mais tempo para terminar os projetos de infraestrutura prejudicados pela pandemia e continuar reconstruindo milhares de casas destruídas por um terremoto no final de 2019.
Também lançou uma campanha massiva de vacinação contra covid-19, que deve permitir a imunização de 500.000 dos 3 milhões de albaneses até o final de maio e a reativação da indústria do turismo, duramente atingida pela crise de saúde.
Seus adversários o acusam de ligações com o crime organizado, manipulação de eleições anteriores, deterioração da economia, o que ele nega.
A União Europeia aprovou o início das negociações para a adesão do país, embora sem data.
Todos os partidos prometeram fazer as mudanças exigidas por Bruxelas, como reforma do sistema judicial e combate ao crime organizado. Para as ONGs internacionais, a Albânia está entre os países mais corruptos da Europa. O salário médio é de 420 euros (507 dólares).
Os jovens emigram em massa para a Itália, Alemanha e Estados Unidos.
* AFP