O exército do Chade afirmou nesta segunda-feira (19) que matou mais de 300 rebeldes, envolvidos em uma incursão no norte, e que cinco soldados morreram em combate, embora o governo tenha garantido que a situação está sob controle.
Um grupo rebelde, a Frente pela Alternância e a Concórdia no Chade (FACT), iniciou a ofensiva a partir de suas bases de retaguarda, na Líbia, em 11 de abril, em coincidência com as eleições presidenciais em que o o chefe de Estado, Idriss Deby Itno, no poder há 30 anos, era o favorito.
"No lado inimigo, mais de 300 rebeldes foram neutralizados no sábado", declarou o general Azem Bermandoa Agouna, porta-voz do exército, que lamentou "cinco mártires no lado amigo".
No sábado, o governo anunciou o "fim" da ofensiva rebelde, nas províncias de Tibesti e de Kanem.
Mas no domingo os combates recomeçaram no final da tarde, de acordo com o general Bermandoa.
"A situação no momento é calma no front, nada está acontecendo", acrescentou ele esta manhã.
O grupo rebelde FACT, por sua vez, declarou em um comunicado divulgado no domingo que "libertou a região de Kanem", palco dos combates de sábado.
O general Bermandoa também afirmou que 36 soldados ficaram feridos nos combates de sábado e que 150 rebeldes foram capturados, "incluindo três comandantes". Os militares apreenderam 24 veículo e continuam "rastreando" o território.
- Tanques em N'Djamena -
Na manhã desta segunda-feira, tanques foram posicionados ao longo das principais avenidas da capital, N'Djamena, levando a cenas de pânico em alguns bairros, observou um jornalista da AFP.
Mas no início da tarde eles foram removidos, exceto aqueles posicionados perto da sede da presidência, uma área que geralmente é fortemente guardada.
"Parece que o dispositivo de segurança instalado esta manhã em alguns lugares da capital foi mal interpretado. Quero tranquilizar [a população] e dizer que não há nenhuma ameaça em particular", tuitou o porta-voz do governo, Sherif Mahamat Zene, nesta segunda-feira.
Ele pediu "calma e serenidade" à população.
No maciço de Tibesti, na fronteira com a Líbia, e no nordeste do país, na fronteira com o Sudão, os rebeldes chadianos frequentemente entraram em confronto com o exército desde que Deby assumiu o poder em 1990, graças a um golpe de Estado.
A União das Forças de Resistência (UFR), outro grupo armado formado por integrantes da etnia do presidente Deby, afirmou seu apoio ao FACT em nota no domingo, sem especificar se seus combatentes participaram dos confrontos.
A embaixada dos Estados Unidos instou os funcionários não essenciais a deixar o país no sábado, citando a "possibilidade de violência na cidade".
O Reino Unido lançou um apelo semelhante para seus cidadãos.
Mas o chefe da diplomacia chadiana, Amine Abba Sidick, pediu "calma" no domingo, dizendo que "a situação não é preocupante" e que está "bem controlada pelo exército".
Mas a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) continua a examinar as eleições presidenciais, que Deby afirma ter ganho, depois de ter removido - legalmente ou por intimidação - os candidatos da oposição mais proeminentes.
* AFP