O papa pediu que "o grito das novas gerações" seja ouvido e que haja um novo "pacto educacional mundial", diante de um mundo atormentado pela crise de saúde, econômica e também educacional.
O pedido do pontífice foi divulgado em uma mensagem de vídeo transmitida nesta quinta-feira (15), por ocasião da inauguração do encontro sobre "Um pacto educacional global", realizado na Universidade Lateranense de Roma.
"A covid possibilitou reconhecer globalmente que o que está em crise é nosso modo de entender a realidade e de nos relacionar. Neste contexto, vemos que as fórmulas simplistas ou os otimismos vãos não são suficientes", alertou.
Em sua mensagem, o papa argentino reconheceu "o poder transformador da educação" para uma nova cultura, que possa gerar "uma mudança no modelo de desenvolvimento", destacou.
"Educar é apostar e dar ao presente a esperança que rompe os determinismos e fatalismos através dos quais o egoísmo dos fortes, o conformismo dos fracos e a ideologia dos utópicos tentam se impor tantas vezes como o único caminho possível", advertiu.
"A educação se propõe como o antídoto natural da cultura individualista, que às vezes culmina em um verdadeiro culto ao eu e na primazia da indiferença. Nosso futuro não pode ser a divisão, o empobrecimento das escolhas de pensamento e imaginação, de escuta, de diálogo e de compreensão mútua. Nosso futuro não pode ser este", insistiu.
O papa argentino fez seu pedido em um momento delicado, para o qual pediu que as pessoas sejam educadas a "não olhar para o outro lado favorecendo graves injustiças sociais, violações dos direitos, grandes pobrezas e exclusões humanas", disse.
Francisco citou dados recentes de órgãos internacionais, que reconhecem uma "catástrofe educacional" contra as cerca de dez milhões de crianças que podem ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise econômica gerada pelo coronavírus.
"Isso aumenta a já alarmante brecha na educação, com mais de 250 milhões de crianças em idade escolar excluídas de qualquer atividade educacional", lamentou.
"Consideramos que é a hora de firmar um pacto educacional global para e com as gerações mais jovens", acrescentou Francisco.
Ele defendeu também que "um mundo diferente é possível e requer que aprendamos a construí-lo, e isso envolve toda a nossa humanidade, tanto pessoal como comunitária".
Um processo em que "a diversidade e as abordagens possam harmonizar na busca pelo bem comum. Capacidade para criar uma harmonia: é isso o que precisamos hoje", concluiu.
* AFP