Armênia e Azerbaijão se acusaram, neste sábado (10), de violações do cessar-fogo que supostamente entrou em vigor ao meio-dia (5h00 de Brasília), negociado com Moscou após quase duas semanas de intensos combates pela região separatista de Nagorno-Karabakh.
Após uma manhã de combates, a calma reinou brevemente quando o cessar-fogo entrou em vigor, antes de os dois lados se acusarem novamente de ataques.
"A Armênia viola abertamente o cessar-fogo, tenta atacar na direção de Fizuli-Jebrail e Agdam-Terter" em Nagorno-Karabakh, declarou o ministério da Defesa do Azerbaijão.
"As forças do Azerbaijão lançaram um ataque às 12h05", ou seja, após a entrada em vigor do cessar-fogo, declarou o ministério da Defesa da Armênia, denunciando a "mentira" de Baku sobre os ataques armênios.
Na quase deserta Stepanakert, capital de Nagorno-Karabakh, as sirenes de alerta, que soaram durante grande parte da manhã, silenciaram quando o cessar-fogo entrou em vigor, antes de recomeçarem. Os habitantes, escondidos há dias para se abrigarem dos bombardeios, timidamente saíram à sua porta para olhar o céu.
Os chefes da diplomacia da Armênia e do Azerbaijão concordaram, com a mediação russa, em um cessar-fogo após negociações que duraram mais de 10 horas e terminaram na madrugada deste sábado em Moscou.
Esse cessar-fogo humanitário deveria permitir a troca de prisioneiros de guerra e os corpos das vítimas, segundo a diplomacia russa.
A França, co-presidente do chamado grupo de mediadores de Minsk, pediu hoje pelo respeito "estrito" do cessar-fogo.
- "Negociações substanciais" -
Azerbaijão e Armênia também se comprometeram "com negociações substanciais para alcançar uma solução pacífica" para o conflito, com a mediação dos três co-presidentes (França, Rússia, Estados Unidos) do grupo de Minsk da OSCE, segundo Moscou.
As discussões devem "recomeçar sem pré-condições", insistiu a porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Agnès von der Mühll.
O cessar-fogo é "um primeiro passo importante, mas não substituirá uma solução permanente", declarou, por sua vez, o ministério das Relações Exteriores da Turquia, que apoia Baku.
O Azerbaijão deu à Armênia "a última chance de se retirar dos territórios que ocupa", acrescentou a Turquia, dizendo que "o Azerbaijão mostrou à Armênia e ao mundo que pode retomar seu terras ocupadas há quase 30 anos por meios próprios".
No exterior, o temor é que o conflito se internacionalize em uma região onde russos, turcos, iranianos e ocidentais têm interesses.
Especialmente porque Ancara encoraja Baku a partir para a ofensiva e Moscou está vinculado por um tratado militar a Yerevan.
A Turquia é acusada de participar com homens e equipamentos nas hostilidades ao lado do Azerbaijão.
Desde 27 de setembro, os confrontos entre os separatistas armênios da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, apoiados por Yerevan, e as forças azerbaijanas deixaram mais de 450 mortes confirmadas, incluindo 23 civis armênios e 31 azerbaijanos. Mas o balanço real pode ser muito maior.
Uma primeira guerra entre 1988 e 1994 deixou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados de região. Desde então, o front permaneceu em grande parte congelado, apesar de confrontos esporádicos.
* AFP