Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira (13) que irão suspender os voos privados fretados para Cuba, endurecendo a ofensiva para reduzir as fontes de entrada de divisas de Havana — e aumentando a pressão sobre a economia da ilha.
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, informou que pediu ao Departamento de Transporte que suspenda os voos privados fretados para todos os aeroportos de Cuba.
— A suspensão dos voos charter irá tirar recursos econômicos do regime cubano — afirmou, no momento em que a economia da ilha sofre o impacto da pandemia do coronavírus.
O governo cubano reagiu através de Carlos de Cossio, diretor para os Estados Unidos da chancelaria cubana, criticando a medida e afirmando que a mesma tem "um impacto escasso na prática".
Pompeo informou que o governo do presidente Donald Trump continuará cortando a receita que o governo cubano obtém das taxas de aterrissagem, reservas em hotéis estatais e outros lucros relacionados ao turismo.
O anúncio é feito a menos de três meses das eleições presidenciais americanas, uma disputa em que Trump está atrás nas pesquisas de opinião e onde o resultado na Flórida, reduto de cubanos contrários ao governo de Havana, é fundamental para a sua vitória. Segundo a chancelaria cubana, "a medida busca satisfazer à máquina política eleitoral do sul da Flórida".
A ordem afeta todos os voos privados entre os Estados Unidos e os aeroportos da ilha, exceto aqueles destinados a uso médico, de pesquisa e outros itens considerados de interesse dos Estados Unidos.
Em maio passado, o Departamento de Transportes estabeleceu um limite de 3,6 mil voos privados por ano, em linha com a bateria de limitações voltada para o setor de turismo, remessas e atividade econômica da ilha. Em outubro, os Estados Unidos anunciaram a proibição de voos para qualquer ponto da ilha que não fosse Havana.
Nova disputa na Organização das Nações Unidas (ONU)
Os Estados Unidos e Cuba, que se enfrentam há seis décadas, após a Revolução, vivenciaram uma reaproximação diplomática promovida pelo então presidente democrata, Barack Obama. Mas desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em 2017, Washington endureceu o bloqueio à ilha que está em vigor desde 1962, alegando violações aos direitos humanos e apoio cubano ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Este anúncio, que coincide com a data de nascimento do falecido líder Fidel Castro, ocorre em um momento em que Washington se envolve em uma nova briga com Havana pela candidatura de Cuba ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O principal diplomata dos Estados Unidos para a América Latina, Michael Kozak, destacou que o governo cubano "usa o turismo e fundos de viagens para financiar seus abusos e interferências na Venezuela". Ele argumentou que "não se pode permitir que os ditadores se beneficiem de viagens dos Estados Unidos".
A decisão segue outras sanções, como a suspensão de cruzeiros, a proibição do aluguel de aviões para a companhia área Cubana de Aviación e várias restrições que limitam as remessas.
O presidente do Conselho de Comércio e Economia entre Estados Unidos e Cuba, John S. Kavulich, explicou que desde que Obama restabeleceu o tráfego aéreo comercial com a ilha, a importância dos voos privados diminuiu.
— Não vai haver um impacto substancial — previu o especialista, mas ele indicou que serão afetadas as visitas de celebridades ou empresários que utilizam este meio para chegar à Cuba.