SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autoridades da Venezuela anunciaram, neste domingo (10), a prisão de mais 11 suspeitos de participarem da tentativa de invasão do país pelo mar no dia 3.
De acordo com o almirante Remigio Ceballos, chefe do comando estratégico operacional militar das Forças Armadas, três homens foram capturados na Colônia Tuvar, pequena comunidade de descendentes alemães localizada a uma hora de Caracas.
Outros oito suspeitos foram detidos por agentes militares no estado de Vargas, no norte da Venezuela. Com as prisões deste domingo, chega a 45 o número total de pessoas capturadas acusadas de participação na incursão marítima.
"Vamos capturar todos eles", disse o ditador Nicolás Maduro em pronunciamento na televisão estatal. O regime venezuelano trata os suspeitos como "terroristas mercenários".
No último dia 3, o regime disse que interceptou um grupo que tentava entrar no país a bordo de lanchas, vindo da Colômbia. Oito pessoas foram mortas.
O líder opositor Juan Guaidó foi acusado pela Procuradoria-Geral de usar recursos nacionais bloqueados pelos Estados Unidos para contratar mercenários.
Em nota, Guaidó negou participação no caso e acusou o regime de montar uma encenação para desviar a atenção de uma rebelião ocorrida em um presídio em 1º de maio, que deixou ao menos 47 mortes, e de uma briga de gangues em Caracas no dia 2.
Em entrevista ao jornal americano The Washington Post e à emissora CNN, Juan José Rendón, chefe do comitê de estratégia de Guaidó, revelou ter participado da negociação de uma operação militar estrangeira que buscava capturar Maduro e retirá-lo do poder.
Rendón, no entanto, afirmou que Guaidó não assinou o contrato que explicita o objetivo do acordo para "capturar/deter/remover Maduro" e que o líder opositor tinha conhecimento apenas de um "plano exploratório", sem saber dos detalhes.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na sexta (8) que o governo americano não está por trás da operação e que, se estivesse, não confiaria em um grupo tão pequeno para tal missão.
"Eu não sei de nada. Acredito que o governo nada tenha a ver com isso tudo, e terei que descobrir o que aconteceu", afirmou.
"Se fôssemos fazer algo com a Venezuela, não seria desse jeito. Seria um pouco diferente. Seria chamado de invasão."
Também na sexta-feira, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que dois ex-militares americanos que estão entre os detidos por Caracas responderão por terrorismo, conspiração, tráfico de armas de guerra e associação criminosa.
A lei do país prevê pena de 25 a 30 anos de prisão pelo crime de terrorismo.