O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que assinou um decreto para limitar a imigração para os Estados Unidos, anunciado no início desta semana como forma de combater o desemprego causado pela crise do coronavírus.
"Para proteger nossos magníficos trabalhadores americanos, acabei de assinar uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração para os Estados Unidos", afirmou Trump na entrevista coletiva diária sobre o novo coronavírus.
Na terça-feira, Trump precisou que o decreto se aplica aos indivíduos que buscam residência permanente, e terá vigência de 60 dias.
A medida não afetará os vistos de trabalho temporário, apenas os "green cards", documento que dá residência permanente ao beneficiário, e entrará em vigor no último minuto do dia 23 de abril.
O decreto não prevê a limitação do direito de asilo ou altera o estatuto para os refugiados, mas "isto pode ser modificado", advertiu Trump durante a coletiva.
Em um mês, o gabinete examinará outros programas de vistos, para emitir recomendações "apropriadas para estimular a economia dos Estados Unidos", destacou o presidente.
O decreto destaca que a garantias do sistema de processamento de vistos "são inadequadas para a recuperação pós epidemia de COVID-19", e avalia que aumentar a população geraria maior carga para o sistema de saúde dos EUA.
A medida não atinge residentes permanentes, pessoal médico que peça visto de trabalho e possa auxiliar no combate ao coronavírus, investidores, cônjuges de cidadãos americanos ou filhos menores de 21 anos.
O Migration Policy Institute avalia que em 60 dias o decreto bloqueará cerca de 52 mil pedidos de "green cards" para residência permanente.
Ao menos 22 milhões de trabalhadores nos Estados Unidos perderam o emprego a partir de meados de março.
A seis meses de tentar sua reeleição, em novembro, Trump destacou que o decreto vai garantir que os desempregados americanos fiquem na primeira linha quando ocorrer a reativação da economia.
A imigração é o ponto principal da base conservadora de Trump, que o presidente tenta mobilizar antes das eleições presidenciais de novembro.
"Isso vai ajudar os americanos desempregados na reabertura dos Estados Unidos", disse Trump na terça-feira. "Seria injusto que os americanos fossem substituídos por uma força de trabalho do exterior", acrescentou.
Segundo dados oficiais, os Estados Unidos concederam status de residente permanente a cerca de 577.000 pessoas no ano fiscal de 2019.
O número de vistos de imigração concedidos no ano fiscal de 2019 foi de 462.000, ante 617.000 em 2016.
Na entrevista desta quarta, o presidente disse que é "alentador" ver como alguns estados já começaram a retomar as atividades, mas declarou discordar do governador da Geórgia, Brian Kemp, que decretou que academias, cabeleireiros e outras pequenas empresas poderão reabrir a partir desta sexta-feira.
"Eu disse ao governador da Geórgia, Brian Kemp, que discordo totalmente de sua decisão de abrir certas instalações que violam as diretrizes da Fase Um" de reabertura emitida na semana passada.
"Eu o respeito e vou deixá-lo tomar sua decisão. Eu faria isso? Não. Eu os manteria (fechados) por mais um tempo. Quero proteger a vida das pessoas", disse Trump.
Os Estados Unidos são o país mais atingido pela pandemia de coronavírus, com cerca de 45.000 mortes e mais de 825.000 contagiados.
* AFP