Pela primeira vez na história milenar da Igreja Católica, o Papa rezou sozinho nesta sexta-feira (27). Diante da imensa praça vazia de São Pedro, ele deu a bênção e a indulgência plenária ao mundo pela pandemia de coronavírus que o atormenta.
Às 17h (14h no horário de Brasília), o pontífice deu a bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo) a todos os fiéis. O gesto, transmitido por televisão, internet e rádio, permitiu que mais de 1,3 bilhão de católicos obtivessem a indulgência plenária — ou seja, o perdão de seus pecados — em um momento no qual medidas de confinamento em decorrência da pandemia de coronavírus afetam mais de 3 bilhões de pessoas.
— Presidirei um momento de oração no átrio da Basílica de São Pedro. Com a praça vazia. Desde agora, convido todos a participar espiritualmente através dos meios de comunicação. Escutaremos a Palavra de Deus, elevaremos nossa súplica, adoraremos ao Santíssimo Sacramento, com o qual no final darei a bênção Urbi et Orbi e à qual será acrescentada a possibilidade de receber a indulgência plenária — havia anunciado o próprio Papa há alguns dias.
A bênção extraordinária Urbi et Orbi é a mesma que os pontífices costumam transmitir apenas em 25 de dezembro e no Domingo de Páscoa, datas em que se lembra o nascimento e a morte de Jesus.
Um evento extraordinário
"Se trata de um evento extraordinário presidido pelo Papa, em um momento específico, quando o mundo cai de joelhos pela pandemia. Um momento de graça extraordinária que nos dá a oportunidade de viver esse tempo de sofrimento e medo com fé e esperança", explicou o Vaticano em uma nota.
Desde que a epidemia de coronavírus eclodiu na Europa, o papa Francisco se pronunciou em várias ocasiões, lembrando em particular dos médicos e enfermeiros, que estão na linha de frente da luta, e pedindo aos padres para acompanhar os doentes e os moribundos.
A bênção papal do átrio de São Pedro foi especialmente seguida na América Latina, o continente onde reside o maior número de católicos e terra do pontífice Francisco, nascido na Argentina.
Francisco, que teve que limitar suas ações e agenda para evitar possíveis contágios, prepara-se para celebrar a primeira Semana Santa da era moderna sem fiéis nem procissões.