Nos EUA, as expectativas para eleger quem disputará a próxima eleição com o atual presidente americano Donald Trump atingem o seu ponto máximo nesta terça-feira (11) em New Hampshire, onde os democratas votam as primárias com dois candidatos favoritos: o veterano esquerdista Bernie Sanders, de 78 anos, e o jovem moderado Pete Buttigieg, de 38 anos.
Oito dias depois do caucus realizado em Iowa, uma espécie de convenção partidária para a escolha dos delegados de um partido, em New Hampshire ocorre a primeira votação primária do país e o resultado pode ser crucial para reduzir as 11 opções de candidatos democratas para a presidência.
Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, há meses lidera a competição do partido democrata a nível nacional, porém ficou em quarto lugar em Iowa. Informou que lutará ao máximo por cada voto.
"Não vou desistir de New Hampshire', disse o político de 77 anos.
Porém, acabou por cancelar uma festa que tinha à noite nesse importante reduto eleitoral para ir a Carolina do Sul, onde espera ter mais sorte por causa do imenso apoio que possui da população negra nesse estado.
Em New Hampshire, Sanders está à frente com 28,7% das intenções de voto, segundo as estimativas da RealClearPolitics. Em seguida, aparece Buttigieg com 21,3%, cuja vitória em Iowa por uma pequena margem em relação ao veterano aumentou as suas chances como candidato.
Depois deles estava Biden com 11%, seguido das senadoras Elizabeth Warren e Amy Klobuchar.
- "Orientação para a nação" -
Neste pequeno estado do país, com apenas 1,3 milhão de habitantes, as urnas começaram a fechar na última hora desta tarde e os primeiros resultados serão divulgados a partir das 20h locais (23h no horário de Brasília).
"Acredito que teremos uma boa participação", disse John Williams, fiscal eleitoral da capital Concord, à AFP.
"A nossa esperança é dar alguma orientação ao resto da nação para definir quem será o nosso próximo presidente", ressaltou, enquanto recebia um fluxo constante de eleitores apesar da nevasca que caía.
O advogado Mike Schowalter, de 39 anos, disse ter votado em Sanders, candidato que considera estar preparado para vencer Trump. Diferentemente de Hillary Clinton, que derrotou Sanders nas primárias democratas em 2016, Trump e Sanders conseguem igualmente dialogar com as pessoas que perderam seus empregos para a globalização, acrescenta.
- Entre a revolução e o realismo -
Ansiosos para recuperar a Casa Branca, os democratas se dividem entre a "revolução política" proposta por Sanders, que se defende como um "socialista democrata", e o realismo do moderado Buttigieg, ex-prefeito de South Bend, Indiana.
"New Hampshire, hoje temos a oportunidade de terminar o que começamos há quatro anos e enviar uma mensagem poderosa aos multimilionários", escreveu Sanders mais cedo em seu Twitter.
Buttigieg, o primeiro aspirante à Casa Branca declaradamente homossexual, também mandou um recado aos eleitores por meio do Twitter, apresentando-se como a renovação necessária para uma mudança real em Washington.
"O que decidirem hoje definirá o futuro da nossa nação", escreveu. "Juntos construiremos a colisão necessária para derrotar Trump em novembro".
Em New Hampshire, estado no qual os eleitores pró-independentes superam o número de democratas e republicanos, e podem votar em qualquer eleição nas primárias, há sempre o risco de que a balança se mova.
- "Mudança dramática" -
A nível nacional, Sanders lidera com 23%, seguido de Biden com 20,4%, que está em baixa desde janeiro. Segundo os analistas políticos, isso simboliza uma "mudança dramática".
No entanto, o magnata Michael Bloomberg (13,6%) já está em terceiro após entrar na disputa em novembro, ultrapassando Warren (13%), Buttigieg (10,4%) e Klobuchar (4,4%), segundo RealClearPolitics.
O ex-prefeito de Nova York decidiu não competir nos estados de Iowa, New Hampshire e Nevada, esse último que terá um caucus agendado para o próximo 22 de fevereiro. Ele também optou por não concorrer durante as primárias em 29 de fevereiro, na Carolina do Sul.
Com um discurso moderado e muitos dólares para gastar, Bloomberg pretende entrar de vez na corrida presidencial na chamada "Super Terça", no dia 3 de março, quando 14 estados terão primárias, entre eles territórios cruciais como a Califórnia, Virgínia, Carolina do Norte e o Texas.
O multimilionário investiu US$ 260 milhões de sua fortuna pessoal na campanha, irritando Sanders, que o acusa de "comprar as eleições".
* AFP