O senador progressista Bernie Sanders venceu a primária democrata em New Hampshire, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (12), superando os adversários moderados Pete Buttigieg e Amy Klobucha.
A noite foi péssima para o ex-vice-presidente Joe Biden, por meses considerado o favorito para as eleições presidenciais de novembro — ele ficou em quinto lugar na corrida para a escolha do partido do adversário do republicano Donald Trump.
De acordo com a imprensa americana, Sanders, o senador independente do estado de Vermont, recebeu 26,% dos votos quando as urnas já tinham 85% de apuração. Pete Buttigieg, o jovem ex-prefeito de South Bend, em Indiana, obteve 24,3%, e Amy Klobuchar, senadora centrista de Minnesota, ganhou 19,9%. Os índices foram divulgados pelas emissoras de TV NBC e ABC.
A senadora progressista de Massachusetts Elizabeth Warren e Joe Biden vieram em seguida, ainda de acordo com a imprensa americana.
Os candidatos democratas à Casa Branca procuram afinar a disputa após um início caótico do processo de nomeação do partido, na semana passada, no "caucus" (assembleias de cidadãos) de Iowa, onde Buttigieg e Sanders disputaram voto a voto a cabeça após uma vergonhosa apuração que demorou vários dias.
No Twitter, Trump ironizou a disputa democrata, fazendo comentários sarcásticos sobre a senadora Warren, a quem ele apelidou de "Pocahontas" — isso depois de ela afirmar que era descendente de indígenas.
Dois candidatos, Andrew Yang, um novo empresário da área de tecnologia na arena política, e o senador por Colorado Michael Bennet anunciaram sua desistência da disputa após resultados decepcionantes em New Hampshire, o primeiro voto primário da maratona para a indicação democrata, que será anunciada em julho.
Com estas desistências, agora são nove os aspirantes democratas a derrotar Trump.
"Orientação para a nação"
Em New Hampshire, pequeno estado dos Estados Unidos, com apenas 1,3 milhão de habitantes, as urnas começaram a fechar na última hora da tarde desta terça-feira.
— Acredito que teremos uma boa participação. Nossa esperança é dar alguma orientação ao resto da nação para definir quem será o nosso próximo presidente — disse John Williams, fiscal eleitoral da capital Concord, à AFP.
O advogado Mike Schowalter, de 39 anos, disse ter votado em Sanders, candidato que considera estar preparado para vencer Trump. A opinião do americano é que, diferentemente de Hillary Clinton, que derrotou Sanders nas primárias democratas em 2016, Trump e Sanders conseguem igualmente dialogar com as pessoas que perderam seus empregos para a globalização.
Entre a revolução e o realismo
Ansiosos para recuperar a Casa Branca, os democratas se dividem entre a "revolução política" proposta por Sanders, que se defende como um "socialista democrata", e o realismo do moderado Buttigieg, ex-prefeito de South Bend, Indiana.
— New Hampshire, hoje temos a oportunidade de terminar o que começamos há quatro anos e enviar uma mensagem poderosa aos multimilionários —escreveu Sanders mais cedo em seu Twitter.
Buttigieg, o primeiro aspirante à Casa Branca declaradamente homossexual, também mandou um recado aos eleitores por meio do Twitter, apresentando-se como a renovação necessária para uma mudança real em Washington.
"O que decidirem hoje definirá o futuro da nossa nação", escreveu. "Juntos construiremos a colisão necessária para derrotar Trump em novembro".
Em New Hampshire, estado no qual os eleitores pró-independentes superam o número de democratas e republicanos, e podem votar em qualquer eleição nas primárias, há sempre o risco de que a balança se mova.
"Mudança dramática"
A nível nacional, Sanders lidera com 23%, seguido de Biden com 20,4%, que está em baixa desde janeiro. Segundo os analistas políticos, isso simboliza uma "mudança dramática".
No entanto, o magnata Michael Bloomberg (13,6%) já está em terceiro após entrar na disputa em novembro, ultrapassando Warren (13%), Buttigieg (10,4%) e Klobuchar (4,4%), segundo RealClearPolitics.
O ex-prefeito de Nova York decidiu não competir nos estados de Iowa, New Hampshire e Nevada — esse último terá um caucus agendado para o próximo 22 de fevereiro. Ele também optou por não concorrer durante as primárias em 29 de fevereiro, na Carolina do Sul.
Com um discurso moderado e muitos dólares para gastar, Bloomberg pretende entrar de vez na corrida presidencial na chamada "Super Terça", no dia 3 de março, quando 14 estados terão primárias, entre eles territórios cruciais como a Califórnia, Virgínia, Carolina do Norte e o Texas.
O multimilionário investiu US$ 260 milhões de sua fortuna pessoal na campanha, irritando Sanders, que o acusa de "comprar as eleições".