Manifestantes incendiaram nesta segunda-feira (18) a entrada do campus da Universidade Politécnica (PolyU), em Hong Kong, onde estão entrincheirados para impedir uma intervenção da polícia. Depois que um agente foi ferido no domingo (17) por uma flecha lançada por um manifestante, as forças de segurança alertaram que utilizariam "balas reais" pela primeira vez desde o início dos protestos.
O campus e a entrada do Cross Harbour Tunnel — um dos três túneis que dão acesso à ilha Hong Kong, bloqueado desde terça-feira (12) — viraram cenário de confrontos desde domingo. A polícia decretou a região como "zona de distúrbios" e ameaçou destruir as barricadas estabelecidas pelos manifestantes.
Na madrugada desta segunda-feira foram ouvidas várias explosões, antes de um foco de incêndio ser observado na entrada da universidade. Ao que parece, a polícia tentou fazer uma intervenção no campus — que fica na península de Kowloon —, mas que foi impedida pelos manifestantes. O porta-voz da polícia, Louis Lau, fez uma advertência:
— Peço aos agitadores que não usem bombas incendiárias, flechas, carros ou quaisquer outras armas mortais para atacar os policiais. Se continuarem com estes atos perigosos, não teremos outra opção que usar a mínima força necessária, incluindo munição letal — afirmou.
Os policiais de Hong Kong portam armas de serviço, mas só utilizam o equipamento em incidentes isolados. Três pessoas foram baleadas pelas forças de segurança, mas nenhuma corre risco de vida, em meses de protesto.
Protestos violentos
Há cinco meses, manifestantes realizam protestos quase diários e cada vez mais violentos em Hong Kong, contra a crescente interferência de Pequim nos assuntos do território semiautônomo, e exigem reformas democráticas. O estopim para os protestos ocorreu em julho, devido a uma legislação que permitiria que suspeitos fossem enviados à China continental para ser julgados.
O governo de Hong Kong anunciou o arquivamento formal do projeto de lei de extradição no início de setembro, mas os protestos continuam. Concentrações não autorizadas ocorreram em vários pontos da ex-colônia britânica, e resultaram em confrontos com o batalhão de choque.