O governo chileno recebeu nesta quarta-feira (30) delegados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que verificará as queixas de abusos cometidos pelas forças de segurança durante os protestos sociais iniciados há 12 dias.
Os protestos deixaram 20 mortos, cinco deles por intervenção direta de agentes de segurança e mais de 1.000 feridos.
"Foi uma primeira reunião, uma reunião protocolar. Recebemos três dos quatro membros da delegação do Alto Comissariado das Nações Unidas que estão iniciando sua visita oficial hoje", disse Lorena Recabarren, subsecretária de Direitos Humanos do Chile.
A missão terá "uma agenda muito apertada" e uma reunião com o presidente Sebastián Piñera não está planejada, acrescentou o chefe.
O representante do escritório da ONU para a América Latina, Xavier Mena, disse por sua vez que a missão se concentrará em identificar "o acesso que as vítimas devem ter à justiça, a clareza quanto à responsabilidade das instituições do Estado e também como os grupos vulneráveis podem ter sido afetados".
Bachelet, duas vezes presidente do Chile, anunciou o envio de seus colaboradores na semana passada, para "examinar" as alegações de violações de direitos humanos que surgiram no meio dos protestos, devido à suposta força excessiva exercida pelas forças policiais e soldados que vigiavam as ruas por nove dias.
O Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile apresentou 138 ações, cinco delas por homicídios, 18 por violência sexual e 92 por tortura, segundo um relatório final.
Foram registrados 3.712 detidos e 1.233 pessoas feridas em hospitais.
Piñera anunciou nesta quarta-feira que o Chile não sediará a reunião de líderes do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (APEC) e a Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre o Clima 25, a ser realizada nas próximas semanas em Santiago.
* AFP