As discussões iniciadas neste sábado na Suécia sobre o programa nuclear norte-coreano ficaram em ponto morto, com Pyongyang acusando Washington de fazê-las fracassar e os Estados Unidos afirmando, por outro lado, que haviam sido "boas".
A reunião deste sábado foi a primeira tentativa de retomar o diálogo entre os dois países depois do fracasso da cúpula de Hanói em fevereiro entre o presidente americano, Donald Trump, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong Un.
Em Estocolmo, o enviado da Coreia do Norte, Kim Myong Gil, e o dos Estados Unidos, Stephen Biegun, participaram de um encontro promovido pelo enviado especial sueco, Kent Harstedt.
"As negociações não atenderam às nossas expectativas e fracassaram (...) O fracasso destas conversas, que não resultaram em progresso algum, deveu-se unicamente aos Estados Unidos, que não abriram mão de sua atitude habitual", declarou Kim Myong Gil ao fim do dia, diante da embaixada norte-coreana em Estocolmo.
"Os Estados Unidos alimentaram as expectativas fazendo propostas de enfoque flexível, com métodos novos e soluções criativas. Mas nos decepcionaram muito e esfriaram nosso entusiasmo para dialogar ao não trazerem nada para a mesa de negociações", acrescentou o enviado.
Washington optou por minimizar o fracasso, e a porta-voz do Departamento de Estado americano, Morgan Ortagus, disse que foram "boas discussões".
"Os comentários feitos mais cedo pela delegação da Coreia do Norte não refletem o conteúdo nem o espírito da discussão de hoje, que durou oito horas e meia. Os Estados Unidos levaram ideias inovadoras e tiveram boas discussões com seus homólogos norte-coreanos", afirmou em um comunicado.
Além disso, afirmou que os Estados Unidos aceitaram o convite da Suécia para "voltar a Estocolmo para que nos encontremos de novo dentro de duas semanas, a fim de continuar com as consultas em todos os temas".
As duas delegações se reuniram em uma propriedade localizada em uma ilha na capital sueca, a poucas centenas de metros da embaixada norte-coreana.
Em uma escala em Pequim antes de partir para a Suécia, Kim Myong Gil disse ter "grandes expectativas" nessas negociações e se declarou "otimista".
- Testes de mísseis -
Mas 24 horas após ter anunciado a retomada do diálogo, a Coreia do Norte lançou um novo míssil balístico mar-terra, depois de ter multiplicado os testes de mísseis de curto alcance nos últimos meses.
Na quinta-feira, a agência oficial norte-coreana explicou que esse "novo tipo de míssil balístico", apresentado como um Pukguksong-3, foi lançado de um submarino "das águas perto da baía de Wonsan" e anunciou uma "nova fase de contenção da ameaça de forças externas".
O Pentágono considerou que este "míssil balístico de curto a médio alcance" havia sido lançado a partir de uma plataforma marinha.
Em visita a Atenas, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse que sua delegação foi a Estocolmo "com várias ideias (...) para implementar os compromissos" assumidos por Trump e Kim Jong Un em Singapura, em 2018.
Outras reuniões deste nível sobre desarmamento nuclear norte-coreano já foram realizadas em Estocolmo, em março de 2018 e janeiro de 2019.
Trump, que busca obter uma vitória no nível diplomático, decidiu responder positivamente aos norte-coreanos.
"Eles querem negociar e queremos negociar com eles em breve", disse o presidente dos Estados Unidos.
Washington reafirmou na quinta-feira que esses testes "foram inutilmente provocativos".
França, Reino Unido e Alemanha pediram uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU, que deve ser realizada no início desta semana, para manter a pressão em Pyongyang depois do que eles consideram uma "violação grave" resoluções da ONU.
A Coreia do Norte está sujeita a três tipos de sanções econômicas adotadas pela ONU em 2017, para forçá-la a interromper seus programas de armas nucleares e balísticos.
Essas medidas dizem respeito principalmente às limitações e proibições de importação de petróleo relacionadas às exportações norte-coreanas de carvão, pesca ou têxtil.
* AFP