Ruas desertas, barricadas incendiárias em uma encruzilhada estratégica: as principais cidades haitianas estão sob tensão nesta segunda-feira (16) ao se lançar nas redes sociais uma convocação a uma greve para denunciar a escassez de combustíveis.
Em Porto Príncipe, assim como em outras cidades do país, os postos de gasolina agora suspenderam toda a distribuição de combustível, devido à falta de estoques disponíveis ou por enfrentamentos causados pela grande afluência de usuários.
Grande parte dos muitos pedestres que circulam pelas calçadas da cidade levam com eles um galão amarelo, que se tornou um símbolo da escassez de combustível que afetou o país durante mais de três semanas.
"Tivemos que brigar nos postos de gasolina que dispensavam gasolina: todos estos golpes de galões que demos uns nos outros, não podemos mais fazê-lo, sendo assim, faremos um dia de greve", expressou Mathurin Gideon, motorista de uma caminhonete que usa para o transporte público na capital haitiana.
O tanque do seu veículo ficou vazio durante vários dias e já não tem mais dinheiro para manter a família: "esta é a primeira vez em quinze anos que vejo que estamos realmente paralisados", destacou.
"Os mototaxistas podem comprar um pouco de gasolina no mercado negro porque podem passá-lo ao preço da corrida. Mas nós não podemos fazê-lo porque nossos passageiros não podem pagar e se negam a pagar mais", acrescenta Gideon.
Durante o fim de semana, a Polícia fez cerca de 10 detenções e confiscou vários barris de combustível armazenados ilegalmente em propriedades privadas.
Também puderam ser ouvidos disparos automáticos na segunda-feira em várias localidades de Porto Príncipe e um supermercado foi incendiado no centro da cidade.
Nesta segunda, a previsão anunciada pelo BMPAD (escritório de monetização de programas de assistência para o desenvolvimento), o organismo público haitiano que regula o mercado de produtos derivados de petróleo, tentou ser tranquilizadora.
Ignace Saint-Fleur, seu diretor-gral, disse à AFP que se esperam quatro carregamentos de combustível para o fim de setembro por um volume que representa o consumo médio do país durante três semanas.
* AFP