Toni Morrison, a primeira afro-americana a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, morreu aos 88 anos, após uma breve doença - informou a família em um comunicado divulgado nesta terça-feira (6).
A escritora americana faleceu no Centro Médico Montefiore, em Nova York, na segunda-feira (5), acompanhada de seus entes queridos.
"É com profunda tristeza que compartilhamos que, depois de uma breve doença, nossa adorada mãe e avó, Toni Morrison, faleceu pacificamente na noite de ontem, rodeada de familiares e amigos", indicou sua família no comunicado.
"Apesar de sua morte representar uma tremenda perda, estamos gratos por ela ter tido uma vida longa e bem vivida", acrescentou a declaração, descrevendo-a como uma "escritora consumada que entesourava a palavra escrita".
Morrison escreveu 11 romances, muitos deles sobre a vida dos americanos negros, em uma brilhante carreira literária e premiada que durou mais de seis décadas.
Ela ganhou o Prêmio Pulitzer e o American Book Award em 1988 por seu romance de 1987 "Amada".
Ambientada após a Guerra Civil americana na década de 1860, a história era centrada em um escravo que escapou de Kentucky para o estado livre de Ohio. O livro mais tarde foi transformado em um filme estrelado por Danny Glover e Oprah Winfrey.
Morrison recebeu vários outros prêmios, incluindo o Prêmio Nobel de Literatura em 1993.
Em 1996, ela foi homenageada com a Medalha de Honra da National Book Foundation.
Em 2012, o então presidente Barack Obama lhe entregou Medalha Presidencial da Liberdade e, em 2016, ela recebeu o prêmio PEN/Saul Bellow pelo conjunto de sua obra na literatura de ficção americana.
- "Um tesouro nacional" -
Muitas homenagens rapidamente foram feitas a ela após a notícia de sua morte.
"Ela era uma ótima mulher e uma grande escritora, e eu não sei do que sentirei mais falta", declarou Robert Gottlieb, editor de longa data da editora Knopf, em um comunicado enviado à AFP.
Sonny Mehta, presidente da Knopf, disse que poderia "pensar em poucos escritores americanos que escrevem com mais humanidade, ou com mais amor pela linguagem, do que Toni".
"Suas narrativas e prosa fascinantes deixaram uma marca indelével em nossa cultura. São obras canônicas e, mais importante, são livros que são amados pelos leitores", afirmou.
Morrison nasceu em Ohio em 18 de fevereiro de 1931.
"O olho mais azul", seu primeiro romance, foi publicado em 1970.
Ela prosseguiu com "Sula" em 1973 e, depois, publicou outros nove romances.
Também passou um tempo como editora na Random House e lecionou na Universidade de Princeton.
A vida de Morrison não foi isenta de tragédias. Em 2010, seu filho Slade morreu de câncer de pâncreas aos 45 anos.
Seus escritos tocaram muitas pessoas, incluindo Obama, que recordou ter lido "Canção de Salomão" quando era criança, quando você "não só está tentando descobrir como escrever, mas também como ser e pensar".
O ex-presidente americano prestou-lhe homenagem nesta terça, ao descrevê-la como "um tesouro nacional".
"Sua escrita foi um desafio bonito e significativo para nossa consciência e nossa imaginação moral. Que presente respirar o mesmo ar que ela, mesmo que por pouco tempo", escreveu no Twitter, ao lado de uma foto de ambos sorridentes na Casa Branca.
O ex-presidente Bill Clinton, a quem Morrison chamava de "primeiro presidente negro" dos Estados Unidos, também lhe dedicou um emotivo adeus.
"Suas palavras comoveram nossas almas e desafiaram nossas consciências a enfrentar a injustiça, grande ou pequena, onde quer que exista", tuitou Clinton, chamando-a de "ser humano de classe mundial" e incluindo uma foto em preto e branco em que os dois se abraçam.
* AFP