A China concentrava nesta quinta-feira (15) forças de segurança em Shenzhen, cidade próxima da fronteira com Hong Kong, em meio à escalada da crise pelas manifestações pró-democracia, na qual o presidente americano Donald Trump afirmou esperar que Pequim atue com "humanidade" pelo bem das negociações comerciais.
Pequim, que criticou na quarta-feira (14) agressões "de tipo terrorista" contra seus habitantes nos confrontos em Hong Kong, concentrou forças da polícia militar em um estádio de Shenzhen. Os homens da força de segurança estavam cercados por caminhões e blindados de transporte de tropas.
Após dois meses de protestos em Hong Kong a favor da democracia, Pequim deu a entender nos últimos dias que poderia empregar a força para restabelecer a ordem na ex-colônia britânica.
Em um momento de grande tensão, e após uma série de tuítes desconcertantes e anteriores à novidade da concentração de forças, o presidente americano Donald Trump pareceu vincular um eventual acordo comercial com Pequim a uma resolução "humana" do conflito em Hong Kong.
"Milhões de empregos estão sendo perdidos na China para países sem tarifas. Milhares de empresas estão indo embora. Com certeza, a China quer alcançar um acordo. Deixem que trabalhem humanamente com Hong Kong primeiro!", escreveu o presidente no Twitter.
Em outra mensagem publicada mais cedo, com um tom diferente, Trump afirmou que o presidente chinês Xi Jinping poderia "solucionar o problema de Hong Kong rápida e humanamente". Também sugeriu uma "reunião pessoal".
Aeroporto retoma a normalidade
Os manifestantes pró-democracia deixaram o aeroporto de Hong Kong, que na quarta-feira recuperou o ritmo normal após dois dias de protestos que provocaram muitos problemas ao tráfego aéreo. Quase 100 ativistas se reuniram manis tarde no bairro operário de Sham Shui Po, diante de uma delegacia, mas a polícia dispersou o ato com gás lacrimogêneo.
A atual crise representa o maior desafio à autoridade da China sobre Hong Kong desde sua devolução pelo Reino Unido em 1997.
As manifestações, que levaram milhões de pessoas às ruas, começaram com a oposição a um projeto de lei que permitiria extradições à China. O movimento, no entanto, se tornou mais amplo, com uma pauta de defesa das liberdades democráticas e contra a influência de Pequim no território.