Um jornalista nigeriano que foi baleado na segunda-feira (22) durante uma manifestação da minoria xiita na capital Abuja não resistiu aos ferimentos, anunciou seu empregador na madrugada desta terça-feira (23), elevando para 8 o número de vítimas no protesto.
"Precious Owolabi está morto", anunciou em um comunicado a emissora de televisão Channels, onde o jovem jornalista trabalhava.
"O jovem de 23 anos foi baleado enquanto cobria os confrontos entre a polícia e os manifestantes xiitas em Abuja", explicou o veículo.
O Comitê para a Proteção de Jornalistas imediatamente pediu às autoridades nigerianas que estabelecessem uma investigação para determinar quem foi o responsável pela sua morte.
Pelo menos seis membros do Movimento Islâmico da Nigéria (IMN), uma organização radical xiita do norte da Nigéria, de maioria sunita, assim como um policial também morreram, segundo testemunhas.
"A manifestação começou pacífica", então "a polícia começou a aparecer em grande número e disparou gás lacrimogêneo. Os manifestantes reagiram lançando coquetéis molotov e incendiando veículos do Corpo de Bombeiros", relatou um jornalista da AFP no local.
A polícia passou a disparar munição real e o jornalista da AFP contabilizou seis manifestantes e um policial atingidos.
O porta-voz do IMN, por sua vez, estabeleceu um balanço de onze mortos em suas fileiras. "Um grande número de pessoas foi atingido. Posso confirmar que, nesse momento, temos 11 mortos e 30 feridos", disse Ibrahim Musa, porta-voz da organização, acrescentando que a polícia transportou corpos em seus veículos.
A Anistia Internacional pediu na segunda-feira à noite "às autoridades que parem de reprimir os protestos xiitas".
"As forças de segurança disparam contra pessoas que estão simplesmente exercendo a sua liberdade de expressão", lamentou a ONG de defesa dos direitos humanos.
Partidários do IMN manifestam quase diariamente nas ruas de Abuja para exigir a libertação do seu líder, Ibrahim Zakzaky, preso desde dezembro de 2015.
O IMN, que conta com milhares de simpatizantes, vem se opondo às autoridades nigerianas há anos e suas manifestações são frequentemente reprimidas de forma violenta.
Em 11 de julho, pelo menos duas pessoas foram mortas, poucos dias depois que um filho do líder do IMN acusou o governo de organizar o "assassinato" de Ibrahim Zakzaky, cujo estado de saúde é precário.
No último fim de semana, a presidência nigeriana pediu aos membros do IMN que esperassem pela próxima audiência de seu líder em 29 de julho, embora um juiz já tenha ordenado sua libertação.
* AFP