Cerca de mil pessoas morreram em três meses de combates entre grupos rivais perto da capital líbia, Trípoli, incluindo dezenas de migrantes vítimas, esta semana, de um bombardeio contra seu centro de detenção - anunciou a ONU nesta sexta-feira (5).
Em meio a essa escalada, o Conselho de Segurança da ONU pediu o cessar-fogo no país, em um comunicado divulgado hoje.
Em 4 de abril, as tropas do marechal Haftar, homem forte do leste líbio, lançaram uma ofensiva para assumir o controle de Trípoli, onde fica a sede de seu rival - o Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela ONU.
Os combates no terreno e os ataques aéreos na batalha de Trípoli obrigaram mais de mil pessoas, segundo a ONU, a fugir, em um país afetado desde 2011 por lutas de poder e nas mãos de milícias.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de mil pessoas morreram, e mais de cinco mil ficaram feridas por atos de violência perto de Trípoli. A OMS não informou o número exato de vítimas civis e militares.
No total, 53 migrantes morreram em um ataque aéreo na terça à noite contra o centro de detenção em que se encontravam em Tajura, no oeste de Trípoli. O GNA responsabilizou as forças pró-Haftar pelo ataque, mas elas negaram.
Em Genebra, um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Joel Millman, disse que seis crianças estavam entre os migrantes mortos.
Segundo ele, "350 migrantes, incluindo 20 mulheres e quatro crianças, ainda estariam detidos" nesse centro, que teve um de seus cinco hangares destruídos pela ofensiva aérea.
Em um vídeo das câmeras de vigilância do centro, que circula nas redes sociais, pode-se ver pessoas caminhando antes de uma forte explosão.
Agências da ONU e organizações humanitárias manifestaram, em diferentes ocasiões, sua preocupação com o destino de milhares de migrantes e refugiados "em perigo em centros de detenção localizados perto das zonas de combate".
"As coordenadas dos centros de detenção em Trípoli são bem conhecidas pelas partes em conflito", declarou em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Charlie Yaxlie, para quem o massacre de Tajura foi "uma tragédia que não deveria ter acontecido".
A ONU e as ONG expressam, com frequência, sua oposição a que os migrantes detidos no mar sejam levados para a Líbia, que vive mergulhada no caos desde a queda de Muamar Khadafi, após uma revolta em 2011.
Segundo essas organizações, os migrantes são colocados "sob detenção arbitrária", ou ficam à mercê das milícias.
Apesar da insegurança persistente, a Líbia continua sendo um importante ponto de passagem para os migrantes - a maioria africana - que tentam chegar à Europa.
De acordo com as Nações Unidas, os centros de detenção nesse país têm 5.700 refugiados e migrantes, entre eles 3.300 em posição de vulnerabilidade frente aos combates.
* AFP