O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (20) por discordar da retirada das tropas americanas na Síria, anunciada por Donald Trump na quarta (19).
"Acredito que o correto para mim seja renunciar ao meu cargo porque você tem direito de ter um Secretário de Defesa cujos pontos de vista estejam mais bem alinhados aos seus", escreveu Mattis em uma carta endereçada a Trump.
Momentos antes de o Pentágono publicar a carta de Mattis, Trump afirmou pelo Twitter que ele se aposentadoria "com distinção, no final de fevereiro".
"Durante o mandato de Jim foram obtidos avanços tremendos, especialmente com relação à compra de novos equipamentos de combate. O general Mattis foi de grande ajuda para conseguir aliados e para que os outros países paguem sua parte nas obrigações militares. Um novo secretário da Defesa será nomeado logo. Agradeço muito a Jim por seu serviço!", destacou Trump.
A saída de Mattis não é uma surpresa total para os observadores de Washington. Nos últimos tempos, Trump tem ignorado os seus conselhos. Em temas como o acordo nuclear com o Irã, do qual o presidente norte-americano se retirou em maio, ambos divergiram — Mattis defendia a manutenção de partes do projeto.
O chefe do Pentágono também era contra a criação de um nova ramificação separada do Exército americano, denominada Força Espacial, mas Trump ordenou que fosse criada mesmo assim.
A gota d'água para a permanência de Mattis foi a retirada dos cerca de 2 mil soldados americanos que estão na Síria, considerada um erro pelo agora ex-secretário de defesa. Trump defendeu a retirada das tropas americanas da Síria afirmando que os Estados Unidos não têm a intenção de ser a "polícia do Oriente Médio".
"Os Estados Unidos querem ser a polícia do Oriente Médio em troca de nada e investindo vidas valiosas e bilhões de dólares? Queremos ficar lá para sempre? Chegou a hora de deixar que outros lutem finalmente...", escreveu Trump no Twitter.
Entretanto, a decisão fará a Rússia ser a potência global proeminente no conflito. O país comandado por Donald Trump usa sua força aérea para apoiar o presidente sírio Bashar al Assad, que levou o país a uma crise humanitária sem precedentes.
Para França e Reino Unido, a decisão de Trump foi um erro. Os aliados na luta contra o Estado Islâmico afirmaram que a organização extremista está "longe de ser derrotada", embora tenha sido severamente abalada nos últimos anos.
Durante a campanha eleitoral, Trump foi claro sobre considerar a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio um gasto enorme, e pediu a outros países, particularmente os do Golfo, que assumissem seu papel.