O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, apresentou em junho um pedido de asilo na Bélgica, onde reside desde 2017, e em entrevista à AFP denunciou nesta quinta-feira uma "perseguição política" depois que a justiça equatoriana decidiu levá-lo a julgamento.
Segundo fontes próximas ao caso, Correa apresentou um pedido de asilo na Bélgica dias antes de seu país emitir uma ordem de prisão preventiva. Na entrevista à AFP, porém, Correa não confirmou a informação.
— Como não podem nos derrotar nas urnas, procuram nos derrotar com essas desculpas tremendamente graves. É uma perseguição política — garantiu Correa em entrevista realizada na Bélgica, onde reside com a família desde sua saída do poder.
A juíza Daniella Camacho, da Suprema Corte do Equador, convocou Correa para julgamento por sua suposta participação no sequestro de um adversário em 2012, na Colômbia. Com a ordem de prisão preventiva, ele só pode ser processado se for capturado ou se comparecer perante o tribunal, pois a lei equatoriana impede que ele seja julgado à revelia. A pena máxima para este crime é de sete anos de prisão.
Correa, que foi presidente do Equador entre os anos de 2007 e 2017, afirma que a ação judicial é uma "fraude total e não tem futuro".
— Eles pretendem me banir sete, oito anos e me tirar do país para a próxima campanha eleitoral em março de 2019 — acrescenta.
O ex-chefe de Estado sempre negou qualquer envolvimento nos crimes. Ele acusa Lenin Moreno, atual presidente — e que foi seu vice entre 2007 e 2013 — de orquestrar um complô contra ele.
Em janeiro, Correa se desfiliou do partido de Lenin Moreno, o Alianza País (AP).
— Poderão ficar com o nome, com as sedes, com o cacifo do AP, mas as convicções, o povo, a Revolução e o futuro estão conosco — afirmou na ocasião. Ele fundou um movimento chamado "Revolução Cidadã". Na ocasião, 30 dos 74 deputados governistas resolveram apoiar o novo partido de Correa, dando maioria à oposição no Congresso do país.