Mais de 90% dos eleitores macedônios que participaram do referendo deste domingo aceitaram que o país mude seu nome para "República da Macedônia do Norte", segundo os resultados da comissão eleitoral, o que abriria o caminho para a entrada na União Europeia.
Com 93% das urnas apuradas, o "sim" obtinha 91,3% dos votos. No entanto, a abstenção foi alta, e apenas um de cada três cidadãos compareceu aos centros de votação.
"Mais de 90%" dos eleitores aprovaram o acordo com a Grécia para mudar o nome da Macedônia e o Parlamento "deve confirmar a vontade da maioria", disse o primeiro-ministro, Zoran Zaev, à AFP.
O referendo foi consultivo, e agora o Parlamento deve estudar a iniciativa, que necessita ao menos dois terços de seus membros para ser aprovada, uma maioria da que carecem o governo social-democrata e seus aliados da minoria albanesa.
A União Europeia pediu que o resultado seja respeitado. "Espero que todos os líderes políticos respeitem esta decisão e a apliquem com a máxima responsabilidade, e unidade além dos partidos, em interesse do país", disse Johannes Hahn, comissário europeu de Negociações de Ampliação.
Caso seja concretizada, a mudança de nome acabaria com um antigo conflito com a Grécia e aproximaria o Estado da União Europeia (UE), quando Atenas suspender seu veto.
O país balcânico, um dos mais pobres da Europa, quer entrar para a UE, que muitos consideram uma promessa de estabilidade e prosperidade.
Mas o objetivo de Skopje, capital do país, esbarra no veto da Grécia, que afirma que o nome Macedônia pode apenas designar uma de suas províncias setentrionais, ao redor de Tessalônica.
Desde que a Macedônia declarou independência da ex-Iugoslávia em 1991, os gregos acreditam que o país tenta usurpar seu patrimônio, especialmente o de Alexandre, o Grande, e que mantém ambições territoriais ocultas.
Os anos de poder da direita nacionalista macedônia (VMRO-DPMNE), que terminaram em 2017, aumentaram a tensão entre Atenas e Skopje. O país construiu diversas estátuas e referências a Alexandre, o Grande e Filipe da Macedônia, o que irritou os gregos.
Em junho passado, no entanto, o novo primeiro-ministro, o social-democrata Zoran Zaev, assinou com o colega grego Alexis Tsipras um acordo para acabar com a disputa: se o país aprovar o nono nome de "República da Macedônia do Norte", Atenas vai retirar o veto à entrada do vizinho na Otan e na UE.
O governo insiste nas vantagens do acordo. Nos muros da capital, a campanha a favor da mudança estimulou o voto "Sim" para uma "Macedônia europeia" e a tomar "uma decisão histórica". Alguns movimentos, no entanto, convocaram um boicote nas redes sociais.
As palavras "Macedônia do Norte", no entanto, não aparecem na pergunta do referendo: "Você é favorável à adesão à UE e Otan ao aceitar o acordo com a Grécia?".
Muitos eleitores têm dificuldade para aceitar o novo nome, que consideram uma imposição do exterior.
* AFP