A proibição a que as mulheres possam dirigir na Arábia Saudita, vigente durante décadas, chega ao fim neste domingo (24), de acordo com anúncio do governo. A partir de agora, milhares de mulheres poderão dirigir automóveis no reino, que também passa a permitir que elas dirijam motos.
Anunciada em setembro de 2017, a decisão promovida pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman faz parte de um amplo plano de modernização do país e põe fim a uma proibição que se tornou símbolo do status de inferioridade que é dado às mulheres.
— É um passo importante e uma etapa essencial para a mobilidade — resumiu Hana al Jamri, autora de um livro que será publicado em breve sobre as mulheres no jornalismo na Arábia Saudita.
Para muitas sauditas e estrangeiras, a medida permitirá reduzir sua dependência de motoristas privados ou dos homens de sua família.
Muitas sauditas compartilharam nas redes sociais seus planos para este momento tão importante em suas vidas. Afirmam que levarão suas mães para tomar um café ou um sorvete — uma experiência banal para o resto do mundo, mas excepcional na Arábia Saudita.
A proibição de dirigir suscitava críticas há algum tempo das organizações pró-direitos humanos. Muitas mulheres da elite saudita, que podiam dirigir em lugares como Londres ou Dubai, haviam tentado evitar essa proibição em seu país, mas foram detidas.
Durante décadas, os conservadores se apoiaram em interpretações rígidas do islã para justificar a proibição, alguns alegando inclusive que as mulheres não eram inteligentes o suficiente para se colocarem atrás do volante.
Mas muitas mulheres temem continuar sendo alvo dos conservadores, neste país onde os homens mantém o status de "tutores".
Efetivamente, as sauditas devem sair com véu e continuam sujeitas a restrições importantes: não podem viajar, estudar ou trabalhar sem autorização de seus maridos ou dos homens da sua família.