As seções de votação na Malásia abriram as portas na manhã de quarta-feira para eleições muito disputadas em que o primeiro-ministro, Najib Razak, debilitado por vários escândalos, enfrenta seu ex-mentor, o veterano ex-líder malaio Mahathir Mohamad, de 92 anos.
As urnas foram abertas às 08H00 de quarta (21H00 de terça, hora de Brasília), e fecharão às 17H00 locais.
Os resultados devem ser conhecidos no mesmo dia ou nas primeiras horas da quinta-feira.
A coalizão oficialista Barisan Nasional (BN, Frente Nacional) decaiu nos últimos anos devido a um enorme escândalo de desvio de verba de um fundo criado em 2009 pelo primeiro-ministro para modernizar o país.
Os partidos da coalizão governamental venceriam o pleito, favorecidos pela robustez da economia e pela nova delimitação das circunscrições eleitorais, muito criticada pela oposição.
Mas a volta surpreendente à arena política de Mahathir Mohamad, personalidade carismática que foi premiê durante 22 anos (1981-2003), propulsionado à frente de uma coalizão opositora, semeou a expectativa de que uma surpresa pode acontecer.
Najib está sob pressão para obter uma vitória contundente depois que o governo perdeu a votação popular pela primeira vez nas eleições de 2013. Analistas acreditam que sua posição como primeiro-ministro pode ficar ameaçada caso não conquiste tal resultado.
A campanha foi marcada por golpes baixos e insultos entre Najib e Mahathir durante comícios nesta ex-colônia britânica de 32 milhões de habitantes com maioria muçulmana.
Mahathir criticou duramente Najib pelo escândalo do fundo soberano 1MBD, que tem uma dívida de 12 bilhões de dólares, e criticou a esposa deste, Rosmah Mansor, pouco popular devido a seus gastos extravagantes.
O caso 1MBD, que explodiu há dois anos, após revelações do Wall Street Journal, é hoje alvo de investigação em Suíça, Singapura e Estados Unidos. Najib e os encarregados do fundo sempre negaram ter procedido de forma ilegal.
Atacado, o primeiro-ministro malaio criticou o passado autoritário de Mahathir quando estava no poder.
Representantes da sociedade civil denunciaram tentativas de fraude da coalizão no poder, afirmando que milhões de eleitores sem domicílio e, inclusive pessoas falecidas, apareceram nas listas eleitorais, após terem sido delimitadas em março as novas circunscrições mais favoráveis ao poder.
Muitos eleitores se dizem fartos da corrupção nos partidos que formam o BN, inclusive entre a etnia malaia, pouco tradicional na coalizão no poder.
A maioria dos analistas avalia, no entanto, que o BN se orienta para uma nova vitória. Quinze milhões de eleitores devem eleger 222 deputados que elegerão, por sua vez, o primeiro-ministro.
* AFP