O rei da Malásia, Muhammad V, aceitou indultar imediatamente o líder opositor Anwar Ibrahim, detido por sodomia e corrupção, informou nesta sexta-feira o primeiro-ministro, Mahathir Mohamad, recém-empossado no cargo.
"O rei indicou que está disposto a indultar Datuk Sri Anwar imediatamente", explicou Mahathir em entrevista coletiva.
O anúncio foi feito um dia após Mahathir Mohamad, de 92 anos, tomar posse após uma inesperada vitória nas eleições legislativas realizadas na quarta-feira, derrotando a aliança da oposição.
"Vamos iniciar o procedimento apropriado para obter um indulto para Datuk Sri Anwar. Isto significa um indulto total. Deveria ser libertado imediatamente após o benefício", disse o chefe de Governo.
Mahathir havia se comprometido, em caso de uma vitória nas legislativas que permitisse sua chegada ao posto de primeiro-ministro, a ceder o cargo a Anwar, seu ex-inimigo, assim que este último, de 70 anos, deixasse a prisão.
Os dois políticos se reconciliaram antes das eleições com o objetivo de retirar o poder do ex-premier Najib Razak, envolvido em um grande escândalo financeiro que abala a Malásia desde 2015.
A coalizão opositora liderada por Mahathir e apoiada por Anwar obteve na quarta-feira uma grande vitória nas eleições sobre a Barisan Nasional (Frente Nacional, BN), a coalizão que governava a ex-colônia britânica desde sua independência em 1957.
Anwar foi o braço direito de Mahathir quando este foi primeiro-ministro pela primeira vez (1981-2003), mas em 1998 foi destituído por divergências políticas.
Depois de passar à oposição, Anwar foi condenado e preso ao final de um julgamento polêmico por sodomia e corrupção.
O opositor voltou a ser condenado em 2015, desta vez durante o governo Najib, a cinco anos de prisão por sodomia, em um julgamento tão controverso quanto o anterior.
A respeito de Najib, pouco depois do início de seu segundo mandato em 2013, um importante desfalque foi registrado nas contas do fundo soberano 1Malaysia Development Berhad (1MDB), criado por ele.
O escândalo sobre o fundo de 10 bilhões de euros explodiu em 2015 e é investigado em vários países, especialmente em Cingapura, Suíça e Estados Unidos, o que contribuiu muito para a derrota de Najib nas legislativas.
Questionado sobre o escândalo do 1MDB, Mahathir prometeu retomar as investigações e criticou o atual ministro da Justiça, Mohamad Ali Apandi, que isentou Najib.
"Ele escondeu provas de atos repreensíveis e isto não tem fundamento na lei. Nossa intenção é processar as pessoas que mostraram tendência à corrupção ou cometeram delitos de corrupção", disse Mahathir.
* AFP