A ex-presidente do Malauí, Joyce Banda, regressou neste sábado (28) ao seu país, aclamada por seus partidários, depois de quatro anos de exílio precipitado por acusações de corrupção, mas sem entregar quaisquer pistas imediatas sobre suas ambições políticas.
A segunda mulher da história a liderar um país africano, Banda, de 68 anos, chegou no aeroporto internacional de Blantyre, capital econômica do Malauí, num voo de Joanesburgo, África do Sul, no início da tarde.
Várias centenas de militantes, vestindo a cor laranja de seu Partido Popular (PP), a receberam cantando "Nossa mãe está aqui, a luz deve retornar".
"Agradeço a Deus e continuarei a agradecê-lo por seu amor e apoio. Obrigada a todos vocês pelo apoio", declarou a ex-chefe de Estado.
Faltando um ano para as eleições gerais marcadas para maio de 2019, Joyce Banda, que continua a presidir o PP, confirmou sua vontade de fazer política, mas não detalhou suas possíveis ambições pessoais.
"Estou de volta", disse simplesmente, "e nos veremos novamente para reuniões políticas".
No domingo, ela deve discursar em um comício em Malosa (centro), segundo sua porta-voz Andekunye Chanthunya.
Banda foi capaz de voltar para seu país sem empecilho, apesar da existência de um mandado de prisão emitido em 2017 por causa das acusações contra ela no caso conhecido como "Cashgate" que abalou o país em 2013 e precipitou sua derrota eleitoral em 2014.
O escândalo explodiu em 2013, quando uma auditoria internacional constatou que 30 milhões de dólares tinham sido desviados dos cofres públicos em benefício de dezenas de autoridades, empresários e líderes políticos.
Muitos parceiros estrangeiros suspenderam, em seguida, sua ajuda ao país, um montante anual de 150 milhões de dólares, uma catástrofe para este pequeno e pobre país sem litoral, que depende em 40% de apoio financeiro externo.
Este escândalo contribuiu amplamente para a derrota de Joyce Banda na eleição presidencial de 2014, vencida por seu ex-aliado, o atual presidente Peter Mutharika, que prometeu erradicar a corrupção.
O Banco Mundial só voltou a ajudar o Malauí em maio de 2017 por meio de um empréstimo de US$ 80 milhões.
Pela primeira vez desde 2011, milhares de manifestantes tomaram as ruas do Malauí na sexta-feira para denunciar a corrupção do governo Mutharika.
Joyce Banda tornou-se a primeira mulher presidente do Malauí em 2012, após a morte de Bingu wa Mutharika, irmão de seu sucessor, de quem era vice-presidente.
Desde que deixou o país após sua derrota eleitoral dois anos depois, ela dividiu seu tempo entre os Estados Unidos, a África do Sul e o Reino Unido.
* AFP