Os russos vão às urnas neste domingo (18) para eleger o novo presidente do país pelos próximos seis anos. Atual mandatário do país, Vladimir Putin, é o favorito para chegar ao quarto mandato – os dois primeiros ocorreram entre 2000 e 2008 –, em um clima de grande tensão com o Ocidente desde o envenenamento de um ex-agente duplo russo no Reino Unido.
A expulsão recíproca de diplomatas russos e britânicos reforçou, no final da campanha eleitoral, o clima de Guerra Fria, presente em todo o último mandato de Putin, que, com 70% das intenções de voto, deve permanecer no cargo até 2024.
Com 11 fuso-horários diferentes, a votação começou às 08h locais no ponto mais oriental do país (17h de sábado, em Brasília) e às 06h deste domingo em Moscou (03h, em Brasília). O encerramento está previsto para às 13h de Brasília, com o fechamento das urnas de Kaliningrado. Mais de 107 eleitores foram convocados.
Putin, de 65 anos, dos quais 18 no poder, é elogiado por ter restabelecido a estabilidade no país após a caótica década de 1990, embora, de acordo com seus detratores, em detrimento das liberdades individuais.
Depois de votar em Moscou, Putin assegurou que ficará satisfeito com qualquer resultado que lhe permitir "exercer a função de presidente".
– Você lembra o estado de desolação do país depois de Yeltsin? Ninguém nos respeitava. E agora? – declarou à AFP Lilia Kartashova, uma eleitora de São Petersburgo de 70 anos.
– Putin não tem programa. Nada muda e quanto mais avançamos, pior fica – afirmou por sua vez Sergey Yakovlev, simpatizante do candidato comunista Pavel Grudinin.
Este último é apontado com 7% da intenções de voto, de acordo com o instituto VTSIOM, enquanto o terceiro na disputa, o ultranacionalista Vladimir Zhirinovski, cerca de 5%. Os outros cinco candidatos não devem superar a margem de 1%, de acordo com a mesma fonte.
Cupons de desconto
O grande ausente na eleição é o principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalni, o único que consegue mobilizar dezenas de milhares de pessoas, mas que foi impedido de participar da eleição em razão de uma condenação judicial, que ele aponta como tendo sido arquitetada pelo governo.
Navalni pediu um boicote à votação e enviou mais de 33 mil observadores para as assembleias de voto.
Na manhã deste domingo, o opositor publicou imagens mostrando, segundo ele, o preenchimento de uma urna com cédulas em um colégio eleitoral no extremo oriente russo. Seus partidários denunciaram obstáculos para operar como observadores.
O Kremlin se mobilizou principalmente pela participação, um verdadeiro barômetro da eleição, incitando o voto e permitindo a votação de eleitores em outros colégios.
De acordo com militantes da oposição, a polícia transportou eleitores de ônibus para as assembleias de voto e cupons de desconto foram distribuídos.
Às 7h00 GMT (4h00 de Brasília), a participação global superava 16,55%, de acordo com a Comissão Eleitoral. Superior à registrada em eleições anteriores no mesmo horário.
De acordo com os primeiros números da agência pública TASS, em várias regiões do extremo oriente russo já superava os 60% e até 70%.