Os celulares estão transformando a maneira como as equipes de resgate respondem às crises humanitárias, permitindo identificar exatamente os lugares mais afetados para canalizar a ajuda depois de um terremoto, furacão ou outro desastre.
Paralelamente, os aplicativos nos smartphones para fazer doações de forma simples são uma fonte cada vez mais importante de recursos para a assistência, coincidiram socorristas e especialistas em tecnologia reunidos no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona.
As companhias de telecomunicações podem detectar os lugares onde se concentram os afetados por um desastre rastreando a localização de seus telefones celulares, explicou Mats Granryd, o diretor-geral da GSMA, a associação mundial de operadoras móveis que organiza o congresso.
Graças a isto, "as operadoras podem ajudar os governos e as organizações não governamentais no planejamento e tomada de decisões", disse Granyrd.
A GSMA trabalha com 20 grandes operadoras de telecomunicações presentes em mais de 100 países para estabelecer diretrizes padrão sobre como reunir e analisar dados de suas redes em momentos de catástrofes.
- Fotos e tuítes -
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, a principal agência humanitária contra a fome em nível mundial, trabalha com as operadoras móveis para "saber aonde vão as pessoas" que fogem de uma área de desastre ou conflito, explicou sua diretora de tecnologia, Enrica Porcari.
"É muito importante para nós saber aonde temos que dirigir nossa ajuda para garantir que chegue às pessoas", acrescentou em uma conferência.
As agências de ajuda humanitária recorrem também às milhares de fotos e mensagens que as pessoas trocam em redes sociais para conhecer as condições no terreno.
Programas informáticos permitem reunir tuítes ou outras informações que venham de zonas de crise e com base nisso elaborar mapas de zonas inundadas ou identificar os insumos que são necessários após um furacão.
A agência federal de emergências americana (Fema) lançou um aplicativo que permite aos usuários tirar fotos que são automaticamente geolocalizadas, permitindo assim identificar as zonas mais afetadas.
A Fema também contrata pessoas, chamadas "ouvintes sociais", que se dedicam a buscar mensagens no Facebook, Snapchat ou outras redes sociais para compilar informações úteis para os socorristas.
- Doações com celulares -
Os smartphones se tornaram ferramentas de arrecadação de doações.
Nos Estados Unidos, a porcentagem de doações on-line feitas através desses aparelhos subiu para 21% em 2017, enquanto era de apenas 9% em 2014, segundo um informe do Blackbaud Institute.
O PMA introduziu em 2015 um aplicativo para 'smartphones' que permite fazer contribuições rapidamente de um mínimo de 50 centavos, o suficiente para garantir as necessidades nutricionais de uma criança por um dia.
O aplicativo, ShareTheMeal, foi baixado por mais de um milhão de pessoas, que doaram mais de 20 milhões de refeições entregues em países em guerra como Síria e Iêmen.
Os usuários podem compartilhar suas doações em redes sociais, estimulando outras pessoas a contribuírem.
- Base ampliada -
As doações através do aplicatico vêm em sua maioria de jovens que não doam a agências da ONU, disse um representante do ShareTheMeal, Massimiliano Costa.
"Ampliamos a base de pessoas que doam", afirmou.
"Usamos o telefone o tempo todo, inclusive tiramos fotos de nossa refeição. Pensamos que seria ótimo se, apenas com um toque, permitíssemos a outra pessoa que não tem nada compartilhar nossa comida", acrescentou.
Diferentemente dos aplicativos, já associados a um cartão de crédito ou conta PayPal, se uma pessoa quer doar através de um computador precisa inserir os dados de seu meio de pagamento, de modo que costuma adiá-lo e pode acabar perdendo o impulso para fazer isso, disse Costa.
O Facebook, a maior rede social do mundo, também ajuda a aumentar as doações através dos telefones móveis: desde 2015, as organizações beneficentes podem pôr um botão para receber doações em suas páginas.
Quando uma pessoa contribui, compartilha, e essa mensagem carrega, por sua vez, o botão para doar.
* AFP