Os japoneses começaram a votar, neste domingo (horário local), nas eleições legislativas em que o primeiro-ministro conservador, Shinzo Abe, deve obter uma ampla maioria, segundo as pesquisas, após uma campanha dominada pelas ameaças da Coreia do Norte.
O primeiro-ministro nacionalista e seu Partido Liberal Democrata (PLD) estão bem posicionados para ganhar as eleições que ele mesmo convocou e se manter no poder até 2021, após os Jogos Olímpicos previstos para 2020.
Cerca de 100 milhões de cidadãos estão habilitados para votar no país, e muitos eleitores desafiaram o tufão imperante no domingo no arquipélago para ir às urnas. As seções eleitorais foram abertas às 07H00 de domingo (20H00 de sábado em Brasília) e fecharão às 20H00 (09H00 em Brasília). Vota-se para renovar os 465 assentos do Parlamento.
Segundo as últimas pesquisas, a coalizão do PLD de Abe com o partido Komeito deverá conquistar cerca de 300 assentos na Assembleia, uma maioria de dois terços que permitiria modificar a constituição.
Muito atrás, o Partido da Esperança (centro-direita) da carismática governadora de Tóquio Yuriko Koike e o Partido Democrata Constitucional (centro-esquerda), ambos recém-criados, obteriam cerca de 50 assentos cada.
Abe, de 63 anos, decidiu em setembro dissolver o parlamento e antecipar as eleições em um ano para lidar com os escândalos de favoritismo e com a derrota histórica de seu partido na assembleia da cidade de Tóquio, em julho, agora em mãos de sua rival.
A poucas horas do anúncio oficial das legislativas antecipadas, Koike surpreendeu com a criação de uma nova formação, o Partido da Esperança.
Abenomics
A líder de direita, de 65 anos, ex-apresentadora de televisão, foi ministra de Abe e compartilha seu nacionalismo, mas sua decisão de não concorrer a uma vaga na Assembleia Geral a fez cair nas pesquisas.
— Qualquer partido, para ser credível, deve ter um candidato para o cargo de primeiro-ministro. Deveria ser ela, mas desistiu e agora temos um barco sem capitão — comentou à AFP Michael Cucek, professor na Universidade Temple de Tóquio.
O principal partido de oposição, o Partido Democrata, se dissolveu, parcialmente absorvido pelo Partido da Esperança, enquanto um ex-tenor, Yukio Edano, defensor de sua ala à esquerda, criou o Partido Democrata Constitucional do Japão.
Além disso, seu programa não é muito diferente do programa do PLD de Abe, uma formação que ocupa o poder no Japão quase ininterruptamente desde 1955. O governo de Abe implementou a "abenomics", uma política econômica para combater o envelhecimento da população e a deflação que mina a economia há décadas.
Nos últimos dez anos o Japão viveu um longo período de crescimento, embora a baixa taxa de desemprego esconda, na verdade, uma significativa precariedade trabalhista. Koike critica Abe por não fazer mais reformas estruturais e prometeu congelar o aumento de dois pontos do imposto sobre valor agregado (IVA), até 10%.
A líder conservadora está de acordo com Abe em modificar a constituição pacifista de 1947, que obriga o país a renunciar à guerra "para sempre".
* AFP