Os americanos tentavam compreender nesta terça-feira (3) as razões que levaram um aposentado, equipado com vários fuzis, atirar contra milhares de espectadores de um show de música country em Las Vegas, matando 59 pessoas e ferindo 527.
Segundo o presidente Donald Trump, Stephen Paddock, de 64 anos e que cometeu suicídio em seu quarto de hotel após o maior massacre da história recente dos Estados Unidos, "era um homem doente. Um homem demente, com muitos problemas".
O atentado foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), mas as autoridade americanas ainda não estabeleceram qualquer relação entre este americano, residente de um vilarejo tranquilo de Nevada, apostador ávido, piloto amador e caçador, e os extremistas.
A imprensa americana começava a falar sobre a identidade das vítimas: uma professora da Califórnia, uma enfermeira do Tennessee, uma secretária do Novo México e assim por diante.
Na noite de domingo, segundo informações da Polícia, Paddock se instalou em um quarto do 32º andar do Hotel Cassino Mandalay Bay, no centro de Las Vegas, e disparou várias rajadas contra uma multidão que assistia a um festival de música country. Ele cometeu suicídio antes de ser encontrado pela polícia.
Paddock dispunha de 23 armas de diferentes calibres no quarto de onde atirou, provavelmente transportadas em mais de 10 malas, de acordo com o xerife da cidade, Joseph Lombardo.
Alguns fuzis tinham visor telescópico. Seu veículo continha nitrato de amônio, um fertilizante que pode ser usado para produzir explosivos.
Em sua casa em Mesquite, a cerca de 120 km de Las Vegas, foi encontrado um arsenal de 19 armas, milhares de munições e explosivos.
O FBI rejeitou a possibilidade de um ataque jihadista, após a reivindicação do Estado Islâmico, que afirmou que o atirador se converteu alguns meses atrás ao Islã e era chamado de "Abu Abdelberr, o americano".
"Não determinamos até agora nenhuma conexão com um grupo terrorista internacional", disse o agente federal Aaron Rouse em entrevista coletiva.
- 'Sem religião' -
Este massacre foi o pior da história recente dos Estados Unidos, à frente do cometido na boate gay Pulse de Orlando (Flórida), em junho de 2016 (49 mortos).
Na segunda-feira, Donald Trump não evocou a questão das armas, nem do terrorismo. Em um breve pronunciamento na Casa Branca, afirmou que o ato representa "o mal absoluto" e pediu que o país permaneça unido e reze.
Pelo menos 22.000 pessoas assistiam ao show no centro de Las Vegas, durante o festival de música country de três dias chamado "Route 91 Harvest", quando os disparos começaram.
"Pareciam fogos de artifício", comentou uma testemunha, Joe Pitz.
"Não sabíamos de onde vinham os tiros. Então, todo mundo corria sem saber para onde ir", relatou à AFP Ralph Rodriguez, um consultor de Los Angeles.
Segundo a Polícia, Paddock não tinha antecedentes criminais nem registro de prisão. Além de contador público, tinha uma licença de piloto e possuía permissão para caça de animais de grande porte, válida para o território do Alasca.
Paddock morava em uma casa junto a um campo de golfe e não tinha afiliação política ou religiosa, de acordo com seu irmão, Eric Paddock. Tampouco era "um cara ávido por (usar) pistolas".
"Era apenas um cara normal. Algo se rompeu nele, algo aconteceu", afirmou.
"É como se um asteroide tivesse atingido nossa família", disse em outra entrevista ao jornal "Las Vegas Review-Journal".
"Não temos ideia do que aconteceu", completou.
O atirador chegou a seu quarto, de duas peças, em 28 de setembro, sem que o pessoal do hotel notasse as armas. Quebrou os vidros da janela para atirar com mais facilidade.
A companheira do atirador, uma australiana de 62 anos chamada Marilou Danley, estava em Tóquio na segunda-feira, segundo o xerife. As forças de ordem querem interrogá-la.
* AFP