O norte-americano Richard H. Thaler, 72 anos, foi anunciado vencedor do Prêmio Nobel de Economia, nesta segunda-feira (9), por suas pesquisas sobre economia comportamental. Segundo o canal CNN, a teoria de Thaler descreve como consumidores e investidores tomam decisões econômicas a partir de processos psicológicos.
Professor na Universidade de Chicago, verdadeira mina de prêmios Nobel na área, Thaler se especializou na análise dos comportamentos econômicos, seja no momento de fazer compras no supermercado, seja na hora de aplicar bilhões nos mercados financeiros.
O economista demonstrou como algumas características humanas, entre elas os limites da racionalidade e as preferências sociais, "afetam sistematicamente as decisões individuais e as orientações dos mercados", explicou Göran Hansson, secretário-geral da Academia Real de Ciências da Suécia que concede o prêmio.
Com doutorado pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, Thaler teorizou o conceito de "contabilidade mental", explicando como indivíduos "simplificam a tomada de decisões financeiras, criando 'cases' em suas cabeças, concentrando-se no impacto de cada decisão individual, e não em seu efeito geral", de acordo com a Academia.
O acadêmico também estudou a aversão à perda, ou desposse, destacando o fato de que "os indivíduos valorizam mais alguma coisa quando a possuem do que quando não a possuem".
Contatado pela Academia, o economista que receberá 9 milhões de coroas suecas (944 mil euros), disse estar "muito feliz" com o Nobel de Economia e prometeu "tentar gastar seu prêmio da maneira mais irracional possível".
— Estou muito feliz. Não vou mais ter que disputar com meu colega Eugene Fama "Professor Fama" nos campos de golfe — brincou, fazendo referência ao amigo e colega da Universidade de Chicago, prêmio Nobel em 2013.
Domínio americano
Da Escola de Chicago, corrente de pensamento liberal criada por Milton Friedman, o premiado deste ano confirma a prevalência dos americanos: 57 de um total de 79 laureados das ciências econômicas. Curiosamente, Thaler fez um pequena participação em 2015 no filme "A Grande Aposta", sobre a crise dos subprimes nos Estados Unidos.
Ele sucede aos especialistas da teoria dos contratos, Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia). Oficialmente denominado "Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", este é o único que não estava previsto no testamento do inventor sueco da dinamite. A honraria foi instituída em 1968 pelo Banco Central da Suécia e concedido pela primeira vez em 1969. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.
Ele encerra a edição do Nobel de 2017 marcada pela coroação do britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro na Literatura, e pela concessão do Prêmio da Paz à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), uma coalizão de organizações não governamentais, por seus esforços contra armas nucleares.
O prêmio Nobel consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque para nove milhões de coroas suecas para serem compartilhadas entre potenciais vencedores.
Os de Medicina, Física, Química, Literatura e Economia foram tradicionalmente concedidos em Estocolmo em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896). Somente o Prêmio da Paz é concedido no mesmo dia em Oslo.
Confira os últimos vencedores do Nobel de Economia:
2016: dois professores receberam o Nobel de Economia por pesquisa sobre a teoria dos contratos, que trata dos acordos que influenciam negócios, finanças e políticas públicas. O prêmio foi concedido no ano passado ao britânico Oliver Hart, 69 anos, e ao finlandês Bengt Holmström, 68 anos, que trabalham em universidades norte-americanas.
2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre "o consumo, a pobreza e o bem-estar".
2014: Jean Tirole (França), por sua "análise do poder do mercado e de sua regulação".
2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.
2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.
2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.
2010: Peter Diamond e Dale Mortensen (Estados Unidos), Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.
2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.
2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre o comércio internacional.