Se a popular chanceler Angela Merkel tivesse de disputar eleições com um sistema similar ao dos Estados Unidos, certamente venceria com folga, mas as coisas não são tão simples no complexo sistema eleitoral alemão.
No fim, seu partido conservador provavelmente será obrigado a buscar intricadas coalizões, inclusive com os maiores rivais, para conseguir manter Merkel no poder para um quarto mandato.
A situação é provocada pelo sistema eleitoral alemão do Pós-Guerra, que mistura o famoso "winner-takes-all" do Reino Unido e dos Estados Unidos com o sistema de representação proporcional, o qual permite a presença de partidos menores.
- Principais dados -
No total, 61,5 milhões de pessoas com mais de 18 anos estão registradas para votar e definir o novo governo do país de maior população da União Europeia e principal economia do bloco. Há 31,7 milhões de eleitoras e 29,8 milhões de eleitores.
Em 2013, a participação foi de 71,5%, levemente superior a de 2009 e muito acima do registrado em vários países do Ocidente.
Quando os alemães entram na cabine de votação, fazem duas marcações na cédula: uma, para o representante direto em seu distrito local; e outra, para o partido político que escolhem.
- Barreira de 5% -
A primeira votação serve para que cada um dos 299 distritos alemães tenha representação no Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento.
Na segunda, crucial, os cidadãos votam em um partido.
Antes da eleição, os partidos apresentam as "listas de candidatos" nos 16 estados. Os candidatos que encabeçam as listas têm mais chances de obter um mandato.
O partido que recebe mais votos consegue mais deputados no Bundestag.
Por exemplo, se um partido conquista três cadeiras diretas na primeira votação e dez na segunda votação, outras sete pessoas da lista do partido entrarão no Parlamento.
A situação se complica quando não existe um equilíbrio entre os votos diretos e os das listas, porque os eleitores "dividem" sua cédula.
Quando um partido conquista mais cadeiras diretas do que as que lhe cabem na segunda votação, pode reter as vagas.
Por este motivo, o número de cadeiras do Bundestag pode superar as 598 oficiais. Após as eleições de 2013, a Câmara teve 630 deputados.
Outra norma estabelece que as legendas que não superam 5% na votação dos partidos ficam fora do Parlamento. A medida tem o objetivo de evitar uma excessiva fragmentação política.
Tanto os liberais do FDP quanto o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha esperam superar essa barreira desta vez, o que não aconteceu em 2013.
Após a votação de domingo, a principal dúvida será qual aliança de partidos conseguirá a maioria absoluta para designar o chanceler.
- Resultados de 2013 -
União Democrata Cristã (CDU) / União Social Cristã (CSU): 41,5% - 309 cadeiras
Partido Social-Democrata (SPD): 25,7% - 193 cadeiras
Die Linke (esquerda radical): 8,6% - 64 cadeiras
Verdes: 8,4% - 63 cadeiras
Partido Democrático Livre (FDP, liberais): 4,8% - 0 cadeira
Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita): 4,7% - 0 cadeira
Um deputado independente
* AFP